Morreu em Campinas o ex-vereador Antonio Francisco dos Santos, “o Politizador”. Ele tinha 78 anos e foi encontrado sem vida dentro do próprio apartamento, na região Central da cidade, nesta terça-feira (30).
“Mesmo antes de se eleger vereador, ele era um cidadão preocupado com a política, ficando famoso pelas cobranças a autoridades que fazia no centro da cidade, com seu megafone. Como parlamentar, teve foco justamente na reurbanização daquela região, em especial protestando e pedindo ações contra as pichações dos prédios”, lembra o vereador Marcos Bernardelli (PSDB), presidente do Legislativo.
Eleito em 2008 com 2.037 votos, pelo PMN, Antonio Francisco dos Santos exerceu a vereança de 2009 a 2012. Neste período, apresentou mais de 500 propostas , contando entre elas inúmeras indicações para melhoria da região central. Também protocolou 41 projetos de lei, entre os quais um que veio a se tornar a Lei 13.831/2010, que instituiu em Campinas a Semana da Campanha Continuada Antipichação, realizada anualmente na primeira semana do ano letivo nas escolas do ensino municipal.
Em 2011, na eleição indireta para a prefeitura de Campinas, em decorrência da cassação do então prefeito Demétrio Vilagra, lançou a própria candidatura ao cargo. Na ocasião, o presidente da Câmara Pedro Serafim acabou eleito para o mandato tampão e O Politizador teve contabilizado o próprio voto.
Tonhão da Rapadura
Antes de assumir a persona de O Politizador, Antonio Francisco dos Santos era amplamente conhecido na região central como “Tonhão da Rapadura” ao vender o doce nas ruas. Tornou-se ainda mais conhecido e até folclórico, porém, quando passou a circular com megafone nas ruas, sempre protestando contra o que entendia que deveria ser corrigido na cidade.
Ele contava que havia entrado na vida política “oficialmente” em 1983, ao realizar greve de fome no Largo do Rosário em protesto ao aumento do IPTU, para sensibilizar as autoridades quanto ao problema. A partir de então fez algumas marchas individuais pelo Brasil – cinco a Brasília, uma ao Rio Grande do Sul e outra ao Chuí -, todas reivindicando causas políticas. O apelido surgiu em uma dessas caminhadas quando ele passou por Lajes, em Santa Catarina, e a imprensa local o chamou de “O Politizador”.
Depois de eleito vereador, também chamou atenção na sessão de diplomação, em janeiro de 2009. De maneira improvisada, foi o único dos 33 vereadores eleitos a se pronunciar, erguendo o diploma e andando pelo palco com os braços levantados, dizendo em voz alta: “Viva a democracia. Viva o povo politizado”.