Em meio a uma situação anormal, como a pior crise sanitária do século XXI até o momento, alterações foram realizadas nos cronogramas de diversas atividades que estavam previstas para 2020. Entre elas está o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que normalmente acontece em novembro, mas, devido ao isolamento social e à suspensão das aulas, deverá ser adiado para 2021.

A pedido dos alunos e organizações estudantis, o Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) fizeram uma enquete para descobrir a melhor data para que os candidatos fizessem a prova. Na votação, 49,7% dos estudantes escolheram 2 e 9 de maio de 2021 para as provas impressas e 16 e 23 de maio para o Enem digital. As demais opções eram em 6 e 13 de dezembro deste ano e Enem digital em 10 e 17 de janeiro de 2021, Enem impresso em 10 e 17 de janeiro de 2021 e Enem digital em 24 e 31 de janeiro, que registraram 15% e 35,3% dos votos dos candidatos, respectivamente.

Mesmo assim, o presidente do Inep, Alexandre Lopes, esclarece que a data escolhida pela votação ainda não é oficial, mas que será levada em consideração no momento da escolha, que deve ser anunciada em três semanas. “Mais de 80% pediram para fazer a prova no ano que vem. É uma opinião importante, mas não é a única fonte de decisão”, afirma ele.

Lopes ainda ressalta que, por enquanto, o Inep e o MEC irão consultar o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), que trata do cronograma das aulas no ensino médio, e as universidades para saber quando elas pretendem iniciar o primeiro semestre de 2021. Deste modo, a data escolhida pelo órgão pode ser uma diferente das colocadas na enquete.

A votação foi respondida por 1,113 milhão de estudantes, que representam 19,3% dos inscritos no exame, de forma voluntária. O Enem 2020 tem pouco mais de 5,7 milhões de inscritos.

Distribuição de equipamentos

O receio dos estudantes quanto ao desempenho mostrado no Enem e, consequentemente, a não obtenção de uma vaga na universidade vem do baixo acesso a computadores e internet em grande parte dos lares brasileiros. Assim, nem todos terão a chance de seguir estudando em casa enquanto as aulas presenciais não retornam.

De acordo com levantamento realizado pela Casa Fluminense, organização que estuda a vida urbana nas periferias, com dados dos perfis de participantes do Enem de 2018 – os mais atuais disponíveis –, 2,3 milhões de inscritos no Enem não possuem computador em casa.

Esse índice é maior em regiões periféricas e nas regiões Norte e Nordeste, com destaque para o Maranhão, onde 67,6% dos alunos não têm computador na residência.

Adiamento

Além do Enem, já há outros vestibulares adiados, assim como concursos no RJ, em SP, MG e outros estados. Isso porque o momento da prova gera aglomerações e, mesmo com planos de contenção de público nas salas de aplicação, a questão da desigualdade e de distribuição de equipamentos de estudo à distância, como computadores e tablets, perdura.