Após 139 dias fechados para atendimento presencial – o segundo maior período do Brasil, superado somente por Belo Horizonte -, o setor de bares e restaurantes da Região Metropolitana de Campinas (RMC) poderá reabrir as portas neste sábado (08). A volta às atividades foi confirmada hoje (sexta feira) pelo governo do Estado ao reclassificar a região para a fase amarela – flexibilização – no Plano São Paulo. Mesmo com a reabertura autorizada, ao menos 25% dos estabelecimentos deverão permanecer fechados em razão da limitação de horário de funcionamento até às 17h, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes daRegião Metropolitana de Campinas (Abrasel RMC).

Para Matheus Mason, presidente da Abrasel RMC, a reclassificação da região no Plano São Paulo era aguardada com grande expectativa pelos empresários do setor. “Após quase cinco meses fechado, o setor está feliz em poder retomar suas atividades”, afirma.

“Mas esta retomada na região ainda não é suficiente para atender todo o segmento, uma vez que ele restringe o horário de atendimento até às 17h, prejudicando pizzarias, bares e botequins, que representam 25% dos  negócios do setor de Alimentação Fora do Lar e que ainda deverão esperar mais duas semanas para voltar a receber clientes”.

De acordo com pesquisa realizada nesta semana pela entidade junto aos associados, não é possível afirmar que os demais 75% dos estabelecimentos voltarão a funcionar já na próxima semana. “Com funcionamento apenas durante o dia vai continuar sendo difícil equalizar as contas”, acredita Mason. Ele ressalta que 54% das vendas, que representam em torno de 80% do faturamento, acontece após as 18 horas

Mason lembra que a retomada do setor também deverá ser lenta. “Em outras cidades onde a reabertura já aconteceu, houve um movimento grande nos primeiros dias, mas regrediu nas semanas seguintes, com o faturamento girando em 30% a 35% antes da pandemia.

Ao longo da semana o presidente da Abrasel RMC tentou junto ao prefeito de Campinas, que também é presidente da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), autorização para que os bares e restaurantes pudessem dividir as seis horas permitidas para funcionamento em dois períodos – almoço e noite -, como autorizado na Capital. “Embora este pedido não tenha sido contemplado neste momento, ficamos felizes com o fato de o prefeito ter dado uma data para que isso ocorra, mostrando transparência e dando previsibilidade para todo o setor se planejar com antecedência”.

Segundo a Abrasel RMC, a divisão no horário de funcionamento em dois períodos visa a atender todo o setor e tentar equilibrar as contas na retomada. Cerca de 25% dos estabelecimentos de Alimentação Fora do Lar são bares e pizzarias, que continuam prejudicados com a abertura limitada.

Mason também ressalta a importância da reabertura já no final de semana, atendendo outro pleito da Abrasel RMC. “O prefeito mostrou sensibilidade com o setor ao permitir a retomada no final de semana do Dia dos Pais, uma data muito importante para os bares e restaurantes”.

CUIDADOS E CAUTELAS

Nestes 139 dias de portas fechadas em razão do isolamento social para conter o avanço da Covid-19, empresários de bares e restaurantes aproveitaram para ampliar as medidas de higiene e segurança dos estabelecimentos. Os esforços demandaram investimentos extras em meio a um cenário difícil, com queda nas vendas, enxugamento dos quadros de colaboradores e dívidas acumuladas.

“Mesmo diante de todas as adversidades e dificuldades, o setor está pronto para reabrir suas portas e esperamos que empresários e população tenham consciência da importância de uma volta segura e com responsabilidade, atendendo todos os protocolos para que a cidade não regrida de fase”, afirma o presidente da Abrasel RMC. “Há mais de dois meses estamos orientando nossos associados para a importância dos cuidados que devem ser tomados e medidas para evitar aglomeração para que tenhamos uma retomada segura e consciente”.

Além de material explicativo e de comunicação, uma cartilha de protocolo com 23 páginas elaborado Abrasel RMC também foi distribuída aos associados. Nela constam medidas e boas práticas de saúde que os estabelecimentos devem adotar para reabertura gradual dos estabelecimentos, com total segurança para os clientes, alinhadas com as melhores práticas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e autoridades em saúde nacionais e internacionais.

Segundo o presidente da Abrasel RMC, esta ação também pretende estimular outros comerciantes do setor, que ainda não se adequaram, sobre a importância de adoção das medidas recomendadas pela entidade, para que não ocorra um regresso após a reabertura, como ocorreu com outros segmentos, causando ainda mais prejuízos, medo e desconfiança dos clientes.

PREJUÍZOS

Com atendimento presencial suspenso desde março por conta da pandemia de coronavírus, o setor de Alimentação Fora do Lar na RMC foi fortemente impactado pela crise. Sem vendas, caixa e financiamento bancário, os bares e restaurantes, responsáveis por 35% do Produto Interno Bruto (PIB) regional da área de turismo, demitiram 22 mil funcionários. O número de estabelecimentos com operações encerradas chega a 4,5 mil, de acordo com os dados apurados.

Além das dificuldades atuais e sem horizonte para reabertura, o setor também deve demorar para se recuperar. Uma pesquisa recente divulgada pela IPC Maps indicou uma queda de 39,91% na expectativa de consumo com alimentação fora do lar neste ano.

PROTOCOLOS PARA REABERTURA

– Ocupação máxima de 40% da capacidade do estabelecimento
– Atendimento durante seis horas dia, até no máximo às 17h
– Distância de 2 metros entre as mesas e de 1,5 metro entre as pessoas
– Máximo de 6 pessoas por mesa
– Atendimento apenas para clientes sentados
– Uso obrigatório de máscaras por clientes e funcionários no estabelecimento. (Apenas quando estiver sentado em sua mesa, o cliente poderá deixar de utilizar a máscara)
– Proibir aglomerações
– Disponibilizar álcool gel para higienização das mãos
– Barreiras de acrílico devem ser instaladas nos caixas e balcões de alimentos
– Temperos e condimentos devem ser fornecidos em sachês
– Cardápios deverão ser disponibilizados digitalmente ou em quadros na parede