Ainda não existe consenso quanto ao tempo que uma esponja sintética de limpeza leva para se decompor, mas a previsão mais otimista indica um período de 100 anos. Essa foi uma das preocupações da equipe da Escola Técnica Estadual (Etec) Prof. Dr. José Dagnoni, de Santa Bárbara D’Oeste, premiada na 20ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) com o projeto Bucha vegetal (Luffa Aegyptiaca), fibra mercerizada proveniente da coroa e resina de cristais de nanocelulose (CNC) obtida a partir da casca do abacaxi (Ananas Comosus). O prêmio foi concedido pela Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq).

“A esponja é um plástico e os problemas que apresenta vão além do longo tempo de decomposição: ela agrupa todo tipo de bactérias e pode causar doenças como salmonela”, conta a estudante Natália Lopera Tabanez, integrante da equipe vencedora ao lado de Karine de Oliveira Pereira e Victor Dias, com a coordenação de Vivian Marina Barbosa e coorientação de Monica Aparecida Miranda dos Santos.

A saúde pública, além da preservação do meio ambiente, portanto, motivou os jovens a procurar uma alternativa às esponjas, que podem ser o item mais sujo dentro da cozinha.

O assunto já ocupava os pensamentos Natália, enquanto cursava o Ensino Médio com o Técnico de Química Integrado ao Médio, e se tornou central na sua vida quando ela se pôs a observar seu pai descascar um abacaxi e jogar a coroa no lixo. A partir desse dia, começou a pesquisar as possíveis formas de utilizar aquela parte descartada da fruta. Pouco tempo depois, assistindo a uma aula em que se discutia a resistência da população em relação ao uso da bucha vegetal, alternativa pouco popular às esponjas, Natália ligou os pontos. Da coroa se extrai uma fibra longa que poderia se somar à buchinha, gerando um material compósito (resultado da união de dois materiais que oferece qualidade superior aos que foram ligados). Esse procedimento pode tornar a buchinha biodegradável mais resistente, com uma vida útil maior e, assim, popularizar o seu consumo. A casca do abacaxi também foi empregada – seu PH ácido impede que as bactérias se acumulem.

Para coroar a pesquisa, um professor sugeriu o amaciamento do item a partir de um composto orgânico. Com essa composição a buchinha foi apresentada na Febrace e premiada. Para Natália, que espera continuar os testes com o produto, esse é só o começo.