O craque brasileiro Neymar afirmou nesta terça-feira (18/10) que apenas assinava os documentos que seu pai lhe apresentava, durante depoimento a um tribunal espanhol. O atacante é réu em um processo sobre as supostas irregularidades na polêmica transferência que o levou do Santos para o Barcelona em 2013.
“Assino o que ele me diz”, disse o jogador, vestindo terno escuro, gravata e camisa branca, em breve depoimento a questionamentos do Ministério Público espanhol, que o acusa de corrupção e pede dois anos de prisão para ele, além do pagamento de multa de 10 milhões de euros (R$ 51,5 milhões).
Questionado se interveio nos contatos com o Barcelona para sua transferência, o atacante do Paris Saint-Germain, agora com 30 anos, disse não se lembrar. Sobre as negociações do contrato, afirmou: “Meu pai é que sempre cuidou de tudo isso”.
Inicialmente previsto para uma data posterior, o depoimento do atleta no tribunal em Barcelona foi antecipado para esta terça-feira a pedido de seus advogados, que argumentaram que ele deve jogar com o PSG na liga francesa na sexta-feira e na Liga dos Campeões na terça-feira.
Ele não precisará comparecer novamente ao julgamento, embora possa se pronunciar novamente antes do término do processo, em 31 de outubro, por videoconferência.
Neymar já havia comparecido nesta segunda-feira ao tribunal, onde permaneceu por duas horas ao lado do pai e da mãe, também processados, porque sua defesa conseguiu que o atacante e seus pais se ausentassem, argumentando que o jogador estava cansado depois de jogar na noite anterior, quando marcou o gol da vitória do PSG contra o Olympique de Marselha no campeonato francês.
O julgamento é a última etapa de um processo jurídico enfrentado por Neymar na Espanha e que causou a demissão do então presidente do Barcelona, Sandro Rossel.
A ação foi apresentada há sete anos pelo grupo DIS, fundo de investimento esportivo que possuía parte dos direitos econômicos do atleta quando ele era um promissor atacante do clube paulista. A acusação aponta crimes de corrupção e fraude, pela suposta ocultação do valor real da transferência do craque para o Barcelona em 2013.
Apesar de o FC Barcelona ter estimado inicialmente a contratação de Neymar em 57,1 milhões de euros (40 milhões para a família e 17,1 para o Santos), a Justiça espanhola estimou que o negócio envolveu pelo menos 83 milhões de euros (cerca de R$ 431 milhões).
Para o DIS, que pertence ao grupo de supermercados brasileiro Sonda, Barcelona, Neymar e depois Santos uniram forças para esconder o valor real da operação por meio de outros contratos dos quais ficaram de fora.