O presidente do PSDB de Sumaré, Paulino José Carrara, enviou carta ao presidente do MD (antigo PPS), José Lourival de Moraes. O MD anunciou oficialmente o rompimento com o governo Cristina (PSDB) na semana passada. Além do Mobilização Democrática, do presidente da Câmara Dirceu Dalben, o DEM, o PSD e o PTC também passaram a compor a oposição.
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Carta aberta ao amigo Zé Lourival, Presidente do MD (ex-PPS)
Caro Zé Lourival, Esta é uma manifestação pessoal, sem a preocupação com a forma, escrita de maneira espontânea e sem correção. Meio a lá Saramago, não pela qualidade, claro, mas pela falta dos parágrafos, ainda que com pontos e vírgulas. 
Também fiz política desde muito cedo, em uma época em que as utopias nos motivavam, nossos sonhos eram puros, nos empolgávamos com a idéia de construir um mundo melhor. Isso não foi ontem. E cá ainda estamos nós falando de política, e de comportamentos políticos. 
Muita coisa mudou, né Zé! Hoje eu me assusto com alguns chamados ???políticos???. Militância virou coisa de museu. Partidos viraram verdadeiras franquias, moedas de negociação. Pessoas carregam partidos na cintura, como um embornal (você sabe, mas muita gente não sabe o que é embornal) daqueles que a gente usava para carregar o lanche, a marmita, ou até as pedrinhas para o estilingue (hoje incorreto). 
Existem (?) pessoas bem intencionadas ainda, que querem discutir o interesse público, as perspectivas do futuro, pessoas de boa índole. Sim, existem. E elas precisam se apresentar. Me empolgo quando as percebo. Quando começamos a fazer política, não existia ainda a internet. 
Nem os Facebooks da vida. A gente defendia idéias na roda de discussão, com a cara à mostra. Agora, Zé, as discussões são carregadas mais de raiva, de despeito, do que de racionalidade, de inteligência, de lucidez. E a gente acaba aproveitando muito pouco de toda a discussão e da crítica. 
E isso sem ver a cara do sujeito, que muitas vezes não se identifica, até porque não quer discutir, mas ofender, usurpar. Se dizem democratas mas não aceitam o resultado das urnas. Se dizem cidadãos, mas não participam de verdade. 
Cobram direitos, não perguntam sobre deveres. A gente poderia refletir sobre muita coisa e isso é uma das maneiras de se pensar a política. Mas existe esperança! Tem muito jovem bom por aí que, mesmo fazendo ironias, tem um humor inteligente, e se quiser pode ajudar a formular o pensamento. Pensar, refletir, propor, agir. 
Tá faltando isso na política, sem os rancores que temos visto. Bem, essas reflexões iriam longe demais para serem escritas. Sobre a nossa situação atual, política e administrativa, da nossa relação partidos aliados e governo, eu também não estou contente. 
Zé. Seria bem melhor que fosse diferente. A Prefeita eleita em ação, ninguém querendo ser mais do que ela na função que lhe compete, todo o time trabalhando para realizar as propostas de campanha, vaidades deixadas de lado, interesse público acima de tudo. 
E porque o interesse de Sumaré está acima de tudo, novos aliados, que também foram eleitos e por isso legitimados, e que também propuseram pelo bem da nossa gente. Vereadores representando os segmentos da população, ajudando a buscar as soluções. Mas não é isso o que está acontecendo. E, infelizmente, com um principal aliado, a situação se agravou. 
Muitos problemas, probleminhas e problemões ocorreram, mas daqueles que a gente tenta resolver dentro de casa, a quatro paredes. Tentou-se corrigir pelo diálogo, que houve com quem de direito, e que eles dificultavam, já numa demonstração de afrontamento à autoridade da Prefeita. 
Estavam experimentando limites? As coisas foram se acumulando, e num curtíssimo espaço de 90 dias, fatos após fatos, situações após situações, a gota d???água, até que houve tentativas (mais de uma) de se obter uma senha privativa da Prefeita, sem a sua autorização. Para que? Não sabemos. 
Mas isso é muito sério, muito grave, fere de morte a confiança que o Executivo tem que ter em seus subordinados. E o cargo de confiança existe prá isso mesmo: se não confiar, troca. 
Talvez pelas circunstâncias da pessoa trocada, a coisa tenha mais ou menos repercussão. Mas existem momentos Zé, que a decisão tem que ser tomada, antes que a situação se agrave ainda mais. E assim o foi. Lamentamos, mas sem arrependimento. A decisão foi correta e oportuna. 
Quanto a supostas ameaças que eu teria feito, não é verdade e nem do meu estilo. Reclamo de comportamentos e peço ajudas. Não precisamos ameaçar. Minha atuação é partidária. Quando preciso, decidimos. Diálogo, também procuramos. Você sabe. Tentei conversar com você, você evitou (lembra-se do dia do cartão de saúde pelo correio?). 
Conversei com outro da sua base, que não preciso expor. Não nos acuse de traidores. Nós sim, nos sentimos traídos. E cada um está pagando o seu preço. Continuo aberto para qualquer conversa, e posso afirmar que acredito na sua honestidade de propósitos, na sua boa índole, nas suas boas intenções. 
Já não posso dizer o mesmo daquele que você cultua como líder local da sua agremiação. 
Receba o meu abraço, fraterno e sincero. 
Paulino Carrara 
Fonte: F5 Sumaré