A pesquisa Datafolha divulgada neste final de semana apresentou queda de oito pontos na popularidade da presidente Dilma Rousseff. Em março, 65% avaliavam o governo positivamente, o número caiu para 57%. O poder de fogo eleitoral da presidente caiu de 58% para 51%, Aécio subiu de 10% para 14%.
 Os dados da pesquisa mostraram o esperado. A inflação elevou o preço de alguns alimentos e derrubou a popularidade da presidente. O cenário não é catastrófico. Dilma ainda goza de popularidade invejável, mas a queda repentina de oito pontos, conjugada com as inserções dos dois principais partidos de oposição (PSDB e DEM) na televisão colando a inflação na testa do governo Dilma, dispararam o sinal de alerta na cabeceira do governo lulo-petista. Hora de acordar?  
O governo petista antecipou a campanha, na tentativa de paralisar Eduardo Campos e Aécio Neves, que entraram no tatame antes do combinado. Propagandas ufanistas apresentaram na TV o Brasil lindo e perfeito construído pelos petistas e mais ninguém. Os partidos aliados do PT reivindicaram espaço. A relação da base governista com o governo federal se deteriorou. Crente de que a maioria do eleitorado pensa com o bolso, a preocupação do governo era apenas a inflação. No entanto, a queda da popularidade e a relação ruim com os aliados podem movimentar o tabuleiro eleitoral para 2014 contra as pretensões do PT. O petismo terá de sair da zona de conforto.
?? simplista pensar que apenas o aumento dos preços de alguns alimentos desidratou a popularidade da presidente. A oposição ajudou a provocar o desgaste porque junto com seus braços na imprensa criou um clima de medo no consumidor como se a inflação de vinte anos atrás fosse voltar. Aécio Neves monopolizou as propagandas tucanas e nelas rememorou os tempos em que Fernando Henrique Cardoso debelou a inflação que vários governos anteriores não conseguiram derrotar. Aquela inflação não deixava o Brasil caminhar e era muito mais feroz que a atual. Mas DEM e PSDB na TV trataram de aumentar o tamanho da de agora. 
Política. Sim. A oposição fez política. E política é uma arte brutal. Se o PT na oposição colou em FHC a pecha de mercador que vendeu o Brasil barato para os gringos por meio de privatizações, agora o PSDB teve a chance de defender seu legado e colar no governo Dilma o ???crime??? de ter ressuscitado a inflação. Quanto mais a dita cuja subir, melhor para Aécio Neves. Com isso ele se consolida como candidato e mina a principal concorrente. 
O governo petista terá cautela. O cenário que indicava uma vitória por W.O mudou. A situação econômica se seguir um curso negativo pode acelerar o processo de desconstrução da imagem de gerente da presidente Dilma e alimentar o sentimento de mudança representado por um político com ar gerencial e jovem tal qual Aécio Neves. Até 2014 tem chão. Mas o governo petista agora não está tranquilo. Terá alguns desafios cruciais: a) dirimir as querelas políticas internas e evitar dissidências; b) calibrar a política econômica para evitar que a inflação se torne um fardo maior.
O clima ???já ganhou??? perdeu força.