Reportagem publicada neste fim de semana no site Estadão mostrou que a preferência do eleitorado pelo PSDB diminuiu entre os anos de 1995 e 2012. Não é de surpreender, pois em 1995 o PSDB elegera o Presidente e era o criador e padrinho do Plano Real. Em 2012, a estrela partidária do Brasil era o PT, no terceiro mandato de Presidente. O que mudou?
Em 1995 coube ao PSDB matar o dragão da inflação. Foram bem sucedidos naquela missão.
A inflação descontrolada da época deixou de ser um problema, tornando-se soluços esporádicos na economia do país. Mas para controlar a inflação, o governo do PSDB implementou uma série de medidas impopulares, como privatizações e a LRF, Lei de Responsabilidade Fiscal. Durante o período, o PSDB, como governante do país, ainda teve de enfrentar a crise cambial e o apagão energético. FHC finalizou se mandato sem eleger o sucessor e com baixa popularidade. Isto se perpetua até dias atuais.
Um exemplo da criticidade desta situação é o ex-PFL.
Companheiro de vários governos do PSDB, a crise do PFL foi ainda pior. Mudou de nome, perdeu importância e luta pela sua sobrevivência. Não tinha o mesmo apelo que o PSDB e teve de se agarrar aos antigos nichos, como na Bahia, procurando uma tábua de salvação. Parte dos seus membros migraram para partidos que são da base de apoio do PT governista. O que sobrou está perdido.
Nos anos do governo Lula, enquanto este alcançava altos níveis de popularidade e colocava o Brasil e os brasileiros em maiores patamares econômicos e de renda, os caciques do PSDB não conseguiam se entender.
A cada eleição presidencial, os candidatos à candidato tucanos se lançavam numa luta fraticida que minou o partido, evidenciando blocos que se não existiam antes, pelo menos pareciam mais coesos. E o tucanato, entretido em disputas internas, passou a imagem de inerte para seus aliados por não dar uma resposta forte ao governo petista e de elitista para a população quando tentava fazer isto.
Durante o governo Lula, se este tinha a imagem preservada, o PT também viu o fim de sua ???pureza??? ética, sendo envolvido no escândalo do mensalão. A sua vantagem, em relação ao PSDB, foi estar no cargo maior da política nacional, aos famosos 30% de apoio histórico que a população lhe dá e o suporte do PMDB, partido com penetração nos rincões do Brasil.
A crise ética petista e o viés elitista do PSDB criou em parte da população uma rejeição a bipolaridade PT-PSDB, tendo o último perdido mais por estar fora do governo federal. Sem ter como alocar aliados em posições chaves e vistos como fracos por estes, viram antigos aliados partirem para os braços do PT federal. Sua decadência foi vista nas últimas eleições. Perdeu a prefeitura da cidade de São Paulo e várias cidades importantes no estado, como, por exemplo, Guarulhos, Osasco, Jundiaí, entre outras além de verem o crescimento petista paulista. Parecia o fim.
A pesquisa, por outro lado, traz um alento ao PSDB.
Houve um aumento da preferência na parte da população com a renda acima de dez salários mínimos. Esta população é mais sensível ao tema corrupção e tem a ideia de que ascenderam graças aos seus esforços, quando na verdade foram a reboque do crescimento do Brasil. ?? paradoxal para o PT ver que o crescimento econômico que seus governos estão conseguindo criam uma população com a renda mais alta que rejeita o petismo e comunga com as ideias liberais do PSDB. Este pode ser o caminho tucano se suas lideranças pararem com as rixas. Mas este terreno também pode ser fértil para uma terceira via. Aí o PSDB vira de vez o passado.
Afonso Arinos de Farias Gonçalves