Uma menina de 8 anos morreu após inalar desodorante aerossol, e outra, de 11 anos, quase se afogou ao ter o cabelo sugado por um ralo de piscina — os dois casos ocorreram no Distrito Federal no final de semana e colocam em evidência os perigos que cercam as crianças dentro de casa ou em momentos de lazer.

Em comum, ambos os episódios envolvem situações que poderiam ter sido evitadas com medidas de segurança e atenção redobrada. As famílias agora convivem com o luto ou o trauma, enquanto especialistas reforçam a necessidade de prevenção.

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Sarah Raissa Pereira de Castro teve morte cerebral confirmada após participar do chamado “desafio do desodorante”, prática disseminada nas redes sociais que estimula crianças e adolescentes a inalarem o spray pelo maior tempo possível.

Segundo a Polícia Civil, a menina foi levada ao Hospital Regional de Ceilândia no dia 10 de abril, após sofrer uma parada cardiorrespiratória. Apesar de ter sido reanimada por cerca de uma hora, ela não apresentou reflexos e teve a morte confirmada dias depois. Um inquérito foi aberto para apurar o caso e investigar os responsáveis pela divulgação do conteúdo digital.

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Já a menina Eloá, de 11 anos, brincava com os primos em uma chácara alugada na mesma região quando foi sugada para o fundo da piscina por um ralo. O cabelo ficou preso e ela engoliu muita água.

Foi preciso cortar os fios para soltá-la. A família atribui o acidente à falta de manutenção do local e ao fato de a casa de máquinas estar trancada, impossibilitando o desligamento do equipamento de sucção.
“Agora, se todos os dispositivos de prevenção falharem e o acidente ocorrer, é fundamental desligar imediatamente a bomba de sucção e tentar remover a criança da água o mais rápido possível”, explica o médico Paulo Guimarães, especialista em prevenção de acidentes domésticos e primeiros socorros a crianças e adolescentes.

“Pode-se usar uma tesoura para cortar o cabelo, tentar manter a cabeça fora d’água e, se necessário, iniciar as manobras de ressuscitação cardiopulmonar. E, claro, acionar o 192 ou 193 o quanto antes.”

Sobre o caso do desodorante, o especialista alerta: “Lamentavelmente, repito esse tema em menos de dois meses. Esse desafio que circula nas redes sociais é extremamente perigoso. Os sprays contêm gases como butano, propano e isobutano, que, quando inalados, provocam hipóxia — ou seja, falta de oxigênio no corpo — podendo causar tontura, convulsões e parada cardíaca. Há, inclusive, a chamada síndrome da morte súbita por inalante, que pode ocorrer em questão de minutos”, afirma Guimarães.

De acordo com o Ministério da Saúde, só em 2024, 456 crianças e adolescentes de até 19 anos morreram vítimas de acidentes domésticos no Brasil. A principal causa foram riscos acidentais à respiração (213), seguidos por afogamentos e submersões (104).

Para o médico, mais do que saber como agir diante de uma emergência, é fundamental que os adultos invistam na prevenção e no diálogo com os filhos: “A gente precisa estar atento ao que as crianças estão consumindo na internet. Conversar, orientar e guardar sprays e solventes fora do alcance dos pequenos pode literalmente salvar vidas.”

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