A sede do Sindinapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical), localizada no prédio do Civi (Centro de Integração e Valorização do Idoso), em Americana, foi identificada pela Polícia Federal como um dos núcleos de atuação de um esquema nacional de fraudes envolvendo descontos indevidos em aposentadorias e pensões de milhares de brasileiros. É um dos maiores escândalos já enfrentados pela Previdência Social.
A operação “Sem Desconto”, realizada pela Polícia Federal e a CGU Controladoria-Geral da União) nesta quarta-feira (23), apura o desvio de R$ 6,3 bilhões dos cofres públicos por meio da cobrança de mensalidades sindicais sem autorização, falsificação de documentos e fraudes em convênios com o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). E parte dessas ações, pelo que se apura as investigações, ocorrendo em um equipamento público municipal, uma vez que o prédio abriga o Poupatempo e tem aluguel pago pela Prefeitura.
O espaço do Civi foi criado para acolher e promover o bem-estar da população idosa da cidade, abrigando há anos o escritório do Sindinapi. Os documentos apreendidos e os depoimentos colhidos nas diligências indicam que o núcleo de Americana participava ativamente da organização criminosa. A base sindical na cidade seria utilizada para captar “novos filiados”, firmar contratos suspeitos e validar contribuições compulsórias indevidas, sobretudo de idosos com baixa instrução e pouca familiaridade com processos administrativos.
O Sindinapi, nacionalmente dirigido por João Inocentini — um aliado histórico da Força Sindical —, tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A operação apura descontos mensais indevidos, que chegaram a comprometer até 10% do valor líquido do benefício, além de dificuldades de acesso a serviços de saúde e alimentação, abandono institucional e ausência de fiscalização eficaz.