Modelo une previsibilidade da renda fixa com transparência da blockchain e amplia acesso a ativos antes restritos
O mercado financeiro brasileiro vive uma transformação silenciosa, mas de grande impacto para investidores de diferentes perfis. A chamada renda fixa digital surge como uma alternativa para quem deseja unir a previsibilidade típica da renda fixa tradicional com a inovação proporcionada pela tecnologia blockchain.
Esse modelo funciona a partir da tokenização de ativos reais, como debêntures e notas comerciais, que representam dívidas de empresas. Na prática, o investidor adquire um token que equivale a uma fração de um título corporativo. O pagamento dos rendimentos ocorre conforme as condições estabelecidas na oferta inicial, e os valores são transferidos em reais diretamente para a conta do investidor após a liquidação.
Como funciona a renda fixa digital?
A base desse investimento está nos chamados Real World Assets (RWA), expressão usada para designar ativos digitais lastreados em instrumentos do “mundo real”, convertendo notas comerciais e debêntures em certificados de recebíveis.
O processo de tokenização segue algumas etapas bem definidas. Primeiro, a securitizadora adquire o direito creditório da empresa emissora. Em seguida, emite certificados de recebíveis e registra um contrato inteligente no blockchain, determinando a quantidade de tokens disponíveis.
Esses tokens são então oferecidos aos investidores, que passam a deter uma participação proporcional no ativo. Ao final do ciclo, quando ocorre o pagamento da dívida pela empresa emissora, o investidor recebe seu retorno em reais.
Quem garante os pagamentos?
Embora digital e inovadora, a renda fixa digital mantém a lógica da renda fixa: o rendimento do investidor depende do pagamento da empresa que contraiu a dívida. Esses ativos, no entanto, não contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) ou de mecanismos de seguro. Para reduzir riscos, os direitos creditórios ficam em um patrimônio segregado e contam ainda com uma garantia fidejussória, pela qual uma terceira empresa pode assumir as responsabilidades caso a devedora não consiga cumprir suas obrigações.
Vantagens da tokenização
A tokenização traz benefícios tanto para quem emite quanto para quem investe. Do lado das empresas, a captação de recursos se torna mais ágil e com menos burocracia, já que a emissão digital reduz custos e amplia o alcance da oferta. Além disso, a divisão dos ativos em pequenas frações torna possível atrair investidores que antes não teriam acesso a títulos de maior valor.
Para os investidores, os ganhos vão além da possibilidade de diversificação. A tecnologia blockchain garante maior transparência ao registrar as transações em um sistema imutável e de acesso público. A presença de intermediários especializados, como securitizadoras autorizadas, acrescenta mais camadas de confiança ao processo.
Inovação sem perder previsibilidade
A combinação entre a previsibilidade da renda fixa e a inovação do blockchain cria uma proposta atrativa para o investidor contemporâneo, que busca novas formas de aplicar seus recursos sem abrir mão de segurança. A renda fixa digital aproxima o mercado de capitais de um público mais amplo, tornando investimentos antes restritos a grandes players acessíveis a diferentes perfis de investidores.
Perspectivas
A expectativa é que a renda fixa digital ganhe espaço no portfólio de brasileiros interessados em inovação financeira. Ao mesmo tempo em que acompanha a evolução tecnológica, essa modalidade mantém a essência da renda fixa: retornos previsíveis e sustentados por ativos reais.
Seja para diversificar a carteira ou conhecer novas oportunidades de investimento, a renda fixa digital representa um movimento que une tradição e modernidade no cenário financeiro. Para investidores atentos às transformações do mercado, é uma porta de entrada para o futuro das finanças, sem deixar para trás a segurança que sempre orientou a renda fixa.
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