Netflix pode comprar a Warner? Rumor agita Hollywood e Wall Street
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O rumor de que a Netflix poderia estar interessada em adquirir a Warner Bros. Discovery (WBD) circulou com intensidade nos últimos dias, mexendo com investidores e provocando discussões sobre o futuro do entretenimento global. A informação, inicialmente publicada pelo jornalista Dylan Byers, do site Puck, ainda carece de confirmação oficial, mas expõe o momento delicado e de reestruturação pelo qual passa a indústria.
Para André Charone, mestre em negócios internacionais e especialista em mercado da cultura pop, a simples especulação já é significativa. “Estamos diante de um setor que se movimenta rápido, com fusões e aquisições moldando o mapa do entretenimento. A Netflix, que sempre cresceu de forma orgânica, estaria diante de uma virada histórica caso realmente entrasse no jogo para comprar parte ou a totalidade da Warner”, avalia o pesquisador que também é autor do livro “Negócios de Nerd”.
Paramount Skydance dá o primeiro passo
Embora a especulação com a Netflix tenha roubado a cena, o movimento mais concreto envolve a Paramount Skydance, de David Ellison. Reportagens do Wall Street Journal e da Reuters apontam que a companhia prepara uma oferta em dinheiro pela WBD. A notícia foi suficiente para impulsionar as ações da empresa, que subiram com a expectativa de um leilão.
A estratégia da Warner
A Warner já havia anunciado sua intenção de se dividir em duas companhias até 2026: uma voltada para estúdios e streaming (HBO, Warner Pictures, Max) e outra para canais de TV paga (CNN, TNT, Discovery). Essa reestruturação torna mais viável a entrada de players interessados apenas em ativos específicos.
“Essa divisão abre caminho para uma compra seletiva”, observa Charone. “No caso da Netflix, faz muito mais sentido focar apenas nos estúdios e no streaming, que dialogam diretamente com seu modelo de negócios, em vez de herdar redes de TV que não agregam tanto à sua estratégia.”
Vantagens e riscos para a Netflix
O atrativo é evidente: acesso imediato a um portfólio de peso, que inclui franquias como Game of Thrones, Harry Potter e DC Comics, além do prestígio da marca HBO. “Seria um salto qualitativo para a Netflix, colocando-a em outro patamar de relevância cultural e competitiva”, avalia Charone.
Por outro lado, os desafios não são menores. A WBD tem cerca de US$ 30 bilhões de dívida líquida e a transação poderia custar mais de US$ 70 bilhões no total. “A Netflix sempre evitou grandes aquisições. Entrar em um negócio desse porte significaria não apenas absorver uma dívida pesada, mas também enfrentar barreiras regulatórias em várias jurisdições”, alerta Charone.
Impacto simbólico
Além dos números, há a dimensão cultural. A Netflix construiu sua identidade como a disruptora que desafiou os estúdios tradicionais. Tornar-se dona da Warner seria um gesto simbólico poderoso.
“É o outsider assumindo o controle do antigo império. Isso reforçaria a imagem da Netflix como líder absoluta, mas também aumentaria a pressão de concorrentes e reguladores que enxergam riscos na concentração de poder”, explica Charone.
Três cenários em disputa
Em sua análise, o especialista em mercado da cultura pop ainda prevê três cenários possíveis, em ordem de probabilidade:
- Paramount Skydance fecha o negócio e incorpora a Warner, criando um novo conglomerado de mídia.
- A Warner executa sua cisão e segue independente, tentando gerar valor de forma orgânica.
- A Netflix entra no tabuleiro, possivelmente mirando apenas a divisão de estúdios e streaming.
“O mercado já entendeu que a Warner sozinha não se sustenta no longo prazo. O que está em jogo agora é quem terá o apetite e a capacidade de transformar esse ativo em vantagem estratégica”, conclui Charone.
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