Cabelo com duas texturas: como lidar com os fios durante a transição capilar?

Período que marca o abandono de químicas alisantes exige paciência, hidratação e técnicas de finalização que ajudem a equilibrar as diferentes partes do cabelo

A decisão de abandonar alisamentos e retomar a textura natural dos fios vem ganhando força nos últimos anos, impulsionada por uma busca por autenticidade e liberdade estética. No entanto, o processo de transição capilar nem sempre é simples. Durante meses — e às vezes anos —, o cabelo passa por uma fase de adaptação em que duas texturas coexistem: a parte alisada e a parte natural. Cuidar desse contraste requer atenção especial e uma rotina pensada para preservar a saúde dos fios e a autoestima de quem enfrenta o processo.

A convivência entre duas realidades

Quando as químicas alisantes deixam de ser aplicadas, a raiz começa a crescer com a curvatura original, enquanto o comprimento permanece liso ou relaxado. Essa mistura cria o chamado “cabelo com duas texturas”, que costuma apresentar diferenças visíveis de espessura, volume e definição.

Além da aparência desigual, os fios tendem a ficar mais frágeis na linha de demarcação, onde as duas estruturas se encontram. É justamente nessa região que ocorrem as quebras com mais frequência. Por isso, especialistas em cuidados capilares recomendam intensificar os tratamentos de hidratação e reconstrução, alternando produtos que repõem água e nutrientes.

Segundo profissionais da área, a paciência é fundamental nesse período. O cabelo passa por um processo de adaptação, e compreender as necessidades de cada parte é essencial para evitar danos e manter o comprimento até o momento do corte definitivo.

Produtos que ajudam a equilibrar o cuidado

Manter o cabelo saudável durante a transição exige uma rotina de cuidados bem planejada. Cremes multifuncionais, máscaras nutritivas e óleos vegetais estão entre os principais aliados. Eles ajudam a reduzir o frizz, facilitar o desembaraço e dar peso às pontas mais finas — características comuns nos fios alisados.

Já as partes naturais da raiz precisam de produtos que incentivem a formação da curvatura, como leave-ins e ativadores de cachos. A aplicação desses produtos, feita com técnicas como fitagem ou dedoliss, ajuda a unificar o visual, deixando o cabelo com aspecto mais harmônico, mesmo com duas texturas.

Outro ponto importante é evitar o calor excessivo. O uso frequente de secador ou chapinha pode comprometer a forma natural que está surgindo e atrasar a adaptação. Sempre que possível, o ideal é deixar os fios secarem naturalmente ou recorrer à difusores com temperatura baixa.

Estratégias para lidar com a diferença de texturas

Uma das principais dificuldades durante a transição é encontrar formas de finalizar o cabelo de maneira uniforme. Nesse momento, penteados estratégicos podem ser grandes aliados. Coques altos, tranças e texturizações ajudam a disfarçar as diferenças e, ao mesmo tempo, protegem os fios.

Outra prática comum é o chamado “big chop” — o corte que remove de uma só vez toda a parte com química. Embora libertador para algumas pessoas, o corte total nem sempre é uma escolha imediata. Muitos preferem o “corte em etapas”, no qual o cabelo é aparado gradualmente, à medida que a parte natural cresce.

Durante esse processo, o acompanhamento com um profissional especializado pode orientar sobre produtos adequados e cronogramas capilares personalizados, respeitando a estrutura de cada tipo de fio. Essa orientação é especialmente útil para evitar sobrecargas químicas e manter o couro cabeludo saudável.

Um processo de paciência e autoconhecimento

Mais do que uma mudança estética, a transição capilar é um processo de redescoberta. Lidar com duas texturas é, para muitas pessoas, um exercício de persistência e autocompreensão — uma etapa que ensina sobre o próprio cabelo e sobre o cuidado com a própria imagem.

Com os produtos certos, técnicas de finalização adequadas e uma rotina de cuidados equilibrada, é possível atravessar essa fase com mais confiança e menos frustração. A volta à textura natural não acontece de um dia para o outro, mas, quando os fios retomam sua forma original, o resultado costuma ser mais do que estético: é simbólico.

A cada centímetro de crescimento, cresce também a sensação de aceitação e liberdade. No fim, o cabelo com duas texturas deixa de ser um obstáculo e se torna um lembrete do que significa se reconectar com a própria identidade — fio por fio.

Cabelo com duas texturas: como lidar com os fios durante a transição capilar?

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