No Brasil é comum vereadores escolherem seus assessores pelo aspecto da proximidade. Amigo, amigo do parente, parente do amigo, e por aí vai. O parlamentar que trilha esse caminho não se incomoda se o seu assessor esquarteja a língua portuguesa com o machado da ignorância ou se o mesmo confunde política com uma torta de atum. O critério que baliza sua escolha é o da “amizade”.
Muita gente defende que assessores parlamentares têm de ter diploma universitário. Será? Diploma não garante competência nem vocação política. Parlamentares com formação POLÍTICA respeitável geralmente contratam seus assessores pela sintonia ideológica, trajetória política, boa escrita e capacidade de entender o processo político. Critérios que ultrapassam o terreno limitado da proximidade.
Não é o maior dos males o parlamentar apresentar dificuldades com a escrita porque líderes políticos se constituem também de traços subjetivos como o carisma, no entanto, pelo menos um de seus assessores tem de dominar a bela e culta e conhecer conceitos básicos de política. Assessorias ruins, compostas por gente que desconhece o sentido real da política e considera normal tratar a coisa pública como algo privado, deterioram o mandato e sugam legitimidade das instituições democráticas.
A constituição de 1988 é a principal agenda que norteia a construção democrática do Brasil. Apesar dos pedregulhos, o país avançou em vários pontos, contudo, deixa a deseja quando o assunto é a qualidade da representação, que depende de boas assessorias, o improviso e a troca de favores não podem dominar os espaços de construção de projetos coletivos com norte moral e intelectual. Inverter o curso das coisas é possível e depende de um debate racional e realizado por pessoas despidas de interesses mesquinhos.