Ex-maquinistas das concessionárias Rumo ALL, MRS Logística e FCA (Ferrovia Centro Atlântica) participaram hoje (21/10) da reunião da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga os acidentes no transporte ferroviário de carga, presidida pelo deputado estadual Chico Sardelli (PV). Eles confirmaram declarações já prestadas pelos sindicatos representantes da categoria sobre as más condições de trabalho, falta de segurança e falta de manutenção da linha férrea e das máquinas.
A Rumo ALL foi novamente apontada como a pior das empresas ferroviárias. ?? consenso entre os ex-maquinistas que a adoção da monocondução (apenas um maquinista por composição) pelas empresas aumenta os riscos de acidentes. O ajudante do maquinista foi eliminado com a implantação dos computadores de bordo, mas os profissionais afirmam que o sistema é falho. Eles apontam como fundamental a presença de dois maquinistas na composição.
Estiveram na reunião da CPI os ex-maquinistas Álvaro Ferreira da Silva, Cícero da Silva, Ezequiel Lopes dos Reis, Marco Antonio Galli, ex-funcionários da ALL, Pedro Edson Marquetti, ex-maquinista da MRS, e Airton Maurício Zani, ex-maquinista da FCA. Participaram também os sindicalistas Ciro Cesar Vianna, Rogério Pinto dos Santos, Isaque de Almeida, Ariovaldo Bonini Baptista e Antonio Carlos Fernandes de Freitas, representando os Sindicatos dos Trabalhadores da Paulista, Mogiana e Sorocabana.
O relator da CPI, deputado Ricardo Madalena, disse que as informações prestadas pelos ex-maquinistas foram fundamentais para enriquecer o relatório que começa a ser elaborado. “A falta de manutenção, as condições de trabalho escravo, o pouco treinamento dos maquinistas são um absurdo e comprometem a segurança da população”.
Os sindicalistas destacaram a importância do trabalho da CPI e a relevância do tema que está sendo investigado. Os ex-maquinistas confirmaram ainda a carga excessiva de trabalho, a falta de banheiro nas máquinas ou, quando tem, fica lacrado ou está muito sujo por falta de limpeza. Outra preocupação abordada foi a retirada da válvula de segurança dos trens da ALL, dispositivo que ajudava na frenagem.
O deputado Chico Sardelli observou que, pelo relato dos profissionais, a manutenção piorou muito nos últimos anos, assim como as condições de trabalho dos maquinistas, aumentando as possibilidades de acidentes na linha férrea.