(Reuters) – O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado disse em delação premiada que o presidente interino Michel Temer pediu recursos ilícitos para a campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo em 2012, segundo documento tornado público nesta quarta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“O contexto da conversa deixava claro que o Michel Temer estava ajustando com o depoente era que este solicitasse recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial para a campanha de Chalita”, disse o termo de colaboração divulgado nesta quarta-feira pelo STF.
“Que ambos acertaram o valor, que ficou em 1,5 milhão de reais; que a empresa que fez a doação –no valor ajustado– foi a Queiroz Galvão.”
Machado disse também que durante a sua gestão na subsidiária da Petrobras foram repassados ao PMDB pouco mais de 100 milhões de reais em comissões pagas ilicitamente de empresas contratadas pela Transpetro.
O documento da delação também afirma que Machado disse aos investigadores da Lava Jato que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) levantou a possibilidade de realizar uma nova assembleia constituinte em 2018 na qual seriam reduzidos os poderes do Ministério Público como forma de atrapalhar as investigações da operação Lava Jato, que apura um bilionário esquema de corrupção envolvendo a Petrobras.
O ex-presidente da Transpetro também disse em depoimento, de acordo com o documento do STF, que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), propôs um “pacto de Caxias”, que consistia em uma série de medidas legislativas com o objetivo de dar “anistia ou clemência” aos investigados pela Lava Jato.
Diz, ainda, que Renan tentou impedir a recondução do procurador-geral, Rodrigo Janot, ao cargo por conta do avanço da Lava Jato, mas que desistiu da empreitada devido à pressão popular para que Janot tivesse mais um mandato à frente da Procuradoria-Geral da República.
Na delação, Machado também cita políticos do DEM, do PT e do PSDB, entre eles o senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional da legenda, acusado pelo ex-presidente da Transpetro de também receber recursos de propina tanto na forma de doações eleitorais oficiais, quanto de dinheiro em espécie.