(Reuters) – Em clima tenso, o Senado completou no início da noite desta quinta-feira mais de 12 horas do primeiro dia do julgamento final do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, dando o tom de como vai ser o embate final, na próxima semana, quando ocorrerá a votação para definir se a petista perderá seu mandato.
A previsão dos senadores era de levar a sessão até o meio da madrugada, para encerrar a oitiva dos depoentes da acusação e iniciar na sexta-feira os depoimentos dos seis nomes da defesa. A maior parte dos senadores da base governista já planejava retirar seus nomes da lista de perguntas para Antonio Carlos Costa D???Ávila Carvalho Junior, auditor federal de Controle Externo do TCU, segundo depoente da acusação.
“Deve ter muita desistência. Eu mesmo não farei pergunta. As respostas do procurador foram tão contundentes que eu estou satisfeito”, disse o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). Waldemir Moka (PMDB-MT) é outro que desistiu de falar para acelerar o processo.
Ainda assim, a previsão dos senadores é que a inquirição das testemunhas vá pelo menos até o sábado. “Vai para o sábado, não há dúvida. Se eles (a base de Dilma Rousseff) continuarem procrastinando vão levar para o domingo”, disse Cunha Lima.
Primeiro depoente a falar no julgamento, o procurador do Ministério Público da União junto ao Tribunal de Contas da União Júlio Marcelo de Oliveira -responsável pela tese que embasa o pedido de impeachment sobre as operações de crédito classificadas de pedaladas fiscais- foi dispensado da condição de testemunha pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que preside o julgamento no Senado.
A decisão de Lewandowski foi motivada por pedido do advogado de defesa da presidente afastada, José Eduardo Cardozo, sob o argumento de que o procurador teria participado de um ato pela rejeição das contas de Dilma, o que ele próprio confirmou.