O número de casos de Covid-19 cai dia a dia no Brasil e chega o momento de abrirmos a caixa preta da pandemia. As 600 mil vidas perdidas neste pouco mais de um ano e meio não são apenas números, estatística fria. São pais, mães, filhos, avós.
Em meio a essa guerra travada contra a doença, temos relatos de desvio de dinheiro público, superfaturamento de medicamentos e insumos, compra de equipamentos inadequados e até um macabro experimento humano, no caso da Prevent Senior.
É inaceitável que no momento mais desafiador que já vivemos neste século, muitos tenham colocado o dinheiro e questões políticas acima de vidas e da dignidade humana.
A caixa preta da Covid-19 precisa ser aberta em todas as esferas. Além de fiscalizar cada centavo do dinheiro público é preciso saber como foram tratados os pacientes internados nos hospitais. Quais tratamentos receberam? A estrutura e equipamentos eram adequados? Quantas foram as mortes evitáveis? Quantas vidas a irresponsabilidade daqueles que estão no poder nos custou?
Um dos maiores legados desta pandemia foi a construção, por parte da sociedade, do entendimento de que o SUS (Sistema Único de Saúde) é um verdadeiro patrimônio dos brasileiros. Esse entendimento, antes restrito a apenas uma parte da sociedade, tornou-se voz eloquente da sociedade neste difícil período.
Agora precisamos trazer este sentimento coletivo para o plano concreto e mostrar que a defesa da saúde coletiva mudou de patamar.
Em Americana temos o absurdo caso dos respiradores inadequados no Hospital Municipal, que continua sem respostas satisfatórias das autoridades. O mesmo acontece na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19 no senado, especialmente com o caso da Prevent Senior.
É revoltante pensar que, mesmo em um momento vulnerável, os pacientes foram tratados de forma inadequada e antiética. O caso, inclusive, nos remete aos campos de concentração nazistas da segunda guerra.
É hora de mostrarmos que o exército de defesa do SUS e da vida está mais forte e organizado do que nunca. E que seguiremos firmes até que as investigações tragam respostas concretas e os responsáveis sejam punidos.
Ninguém que teve a covardia de atacar a saúde coletiva durante uma pandemia pode ficar impune.
Venceremos!
Maria Giovana Fortunato é sanitarista e vice-presidente estadual do PDT