Foto Divulgação / MF Press Global
O Talibã está nas páginas dos jornais de todo o mundo nos últimos dias. Afinal, a retomada do poder no Afeganistão chama a atenção de toda a comunidade internacional e desperta uma apreensão global diante do que pode vir.
Suas ações violentas já se tornaram amplamente conhecidas, além daquelas que afetam diretamente as mulheres. O PhD, neurocientista, historiador com pós em antropologia, Fabiano de Abreu cita algumas delas e mostra que não é de hoje que o grupo é conhecido pelo fundamentalismo religioso.
“Quanto mais afetada a sociedade pela ansiedade, mais pessoas esquecem o passado, reclamam do presente e acreditam que tudo será diferente. Por isso se esquecem ou amenizam a história de crimes de alguns e, neste caso, o terror do Talibã. Tem relação com o negacionismo, mediante a falta de coerência, conhecimento e clareza sobre as possibilidades. O sistema límbico no cérebro coordena as ações, quando o córtex pré-frontal, menos ativo, relacionado com a inteligência, não consegue orquestrar para ações mais racionais. O que nos diferencia dos demais animais é o maior desenvolvimento desta região do lobo frontal que nos tornou mais inteligentes. Mas o cérebro reptiliano ainda dita regras com influência do instinto e perturbações provenientes da cultura tecnológica, da mídia social”, explica Fabiano.
Antes de mais nada, para ligar os fatos, a famosa organização Al Qaeda é composta por árabes e o Talibã são tribos afegãs, a maioria deles da etnia pashtun. “Os dois grupos são aliados e se ajudam nas questões de logística, armas e dinheiro; expulso de vários países, Osama Bin Laden, um dos fundadores da Al Qaeda, foi acolhido pelo Talibã no Afeganistão após os ataques de 11 de Setembro que deixou milhares de mortos nos Estados Unidos”, destaca Fabiano.
Segundo os dados do Índice Global do Terrorismo publicado em 2019 colocam o Talibã como o maior grupo terrorista da história, mais violento que o conhecido Estado Islâmico. Para se ter ideia, em 2018, o Talibã foi responsável por 38% do total de fatalidades em atos terroristas no mundo (6.103 mortes), 71% a mais na comparação com o ano anterior.