A Onfly – startup mineira que auxilia as empresas a reduzirem seus custos com viagens de trabalho – registrou, em junho último, o melhor mês de sua história, alcançando resultados recordes em receitas e número de clientes e dobrando a movimentação financeira que tinha no pré-crise sanitária. E a construção da realidade mais animadora não para por aí não, afinal a expectativa é que o crescimento de julho seja de 20% maior que o desempenho já recorde do mês anterior.

A boa performance é reflexo da soma de fatores internos e externos, que fortaleceram o negócio da empresa de turismo, mesmo na fase adversa por conta das medidas de isolamento social adotadas para evitar a propagação do coronavírus. De um ano para cá, o cenário mudou da água para o vinho, comemora Marcelo Linhares, CEO da startup: “Em junho de 2020, tínhamos somente 34 clientes. Estávamos operando com um volume muito baixo e não encerramos nossas atividades. Demos a volta por cima e fechamos maio deste ano com 124 empresas viajando, e no total estamos com 140 clientes recorrentes, o que indica o melhor mês da história da empresa. A perspectiva é que terminemos julho com uma movimentação de R$ 4 milhões.”

Se há um ano, no meio da pandemia, a Onfly fez somente R$ 100 mil em reservas, em junho deste ano ela fechou o mês com R$ 3,3 milhões, mais que o dobro do melhor mês no período pré-pandemia. Segundo Linhares, o período sensível pelo qual a empresa passou serviu para reforçar a sua crença de que é preciso seguir investindo e inovando mesmo em cenários desafiadores. “Essa estratégia, inclusive, trouxe um enorme ganho para a startup: maior resistência para as operações”, diz, salientando que há atualmente 30 postos de trabalho preenchidos e a expectativa é encerrar 2021 com 42 colaboradores. “E pensar que há um ano tivemos que reduzir nosso time para sete pessoas…”.

 

Veja abaixo o comparativo entre junho de 2020 e junho de 2021:

  Junho de 2020 Junho de 2021
Número de clientes 34 124
Reservas / Transações R$ 100 mil R$ 3, 3 milhões
Número de funcionários 7 30

Não é novidade que o setor de turismo foi um dos mais afetados pela pandemia da Covid-19. De acordo com dados da World Travel & Tourism Council (Conselho Mundial de Viagens e Turismo), o segmento deixou de contribuir com 5,5 trilhões de dólares para o PIB (produto interno bruto) global em 2020 e houve a perda de 200 milhões de empregos. No Brasil, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que houve um prejuízo de R$ 355,2 bilhões e o corte de 474 mil postos de trabalho formais. Então, sendo a Onfly uma das poucas que contraria esses levantamentos, a pergunta que não quer calar é: como ela consegue estar na contramão desta realidade?

Marcelo Linhares afirma que um dos fatores que corroboraram para a “volta por cima” é a obrigatoriedade da digitalização empresarial por conta das medidas de isolamento social. “Colaboradores que estavam na zona de conforto ou tomados pelas tarefas do ‘dia a dia’ tiveram que correr atrás de soluções eficientes para as suas empresas. Na verdade, fomos procurados por grandes organizações que dificilmente abririam as portas para nós no pré-pandemia.”

 

Marcelo Linhares, da Onfly

 

Outro elemento que está sendo crucial para o sucesso da Onfly, segundo o CEO, é a inovação. Parafraseando o professor Peter Drucker (1909-2005), considerado o pai da administração e gestão moderna, ele ressalta que “qualquer atividade econômica é de alto risco, mas não inovar é muito mais arriscado do que construir o futuro”: “A startup surgiu com uma ideia inovadora. Desde o dia um, nosso propósito era transformar este mercado, carente de mudança há pelo menos uma década. Neste quesito, nosso foco é entregar a melhor solução – sempre – para os nossos clientes. E isto envolve um produto que recebe cerca de cinco novas melhorias por mês, baseadas em insights das empresas que atendemos, inventário de conteúdo e uma profunda análise da jornada do cliente.”

E a indicação que, mesmo com as adversidades da pandemia, o espírito inovador da Onfly está em pleno vapor, é o lançamento do mais novo produto: o cartão corporativo. “Na grande maioria das vezes, uma viagem termina com um reembolso. Só que gerenciar reembolsos é sinônimo de perda de comprovantes, confusões humanas e desperdício de tempo. Então, a ideia do cartão foi acabar com o reembolso e a bagunça da mistura das finanças pessoais e corporativas”, finaliza Marcelo Linhares.

Histórico

A Onfly, que permite que empresas e funcionários façam reservas de voos e hospedagens online, começou a operar em setembro de 2018. Seu ápice em negócios fechados se deu em fevereiro de 2020, com de R$ 1,650 milhão. Com a pandemia e a adoção de medidas restritivas, os cancelamentos começaram e em abril a startup registrou movimentação de R$ 14 mil. A demanda pela intermediação eletrônica de viagens corporativas começou a melhorar a partir de maio, e alcançou o patamar de R$ 1 milhão em novembro do ano passado.