A Secretaria de Saúde, por meio da Rede de Saúde Mental, realizou nesta quarta-feira (19), no plenário da Câmara Municipal de Americana, uma palestra com o tema ???Suicídio ??? Uma abordagem psicossocial???, em consonância com o movimento mundial de prevenção ao suicídio, denominado Setembro Amarelo. Cerca de 150 pessoas, entre elas muitos jovens, compareceram ao evento.
Para explanar o assunto foram convidados o psicólogo, Valdir Dusson, e o médico psiquiatra, Aloísio Braz de Lemos, ambos profissionais que atuam na rede municipal. O evento também contou com a participação do psicólogo, Márcio Yoshio Matsushita, representante da empresa APICE ??? Atenção Psicológica, responsável por manter o projeto ???Plantão Psicológico??? no Terminal Rodoviário Francisco Luiz Bendilatti, no bairro Campo Limpo, além da representante do CVV (Centro de Valorização da Vida), Cristina Margarida Gilberti.
Durante as apresentações, os profissionais explicaram os principais fatores biológicos, psíquicos e sociais que levam as pessoas cometerem suicídio, como o uso (e abuso) de drogas, depressão, esquizofrenia, desilusões amorosas, entre outras. Os palestrantes também esclareceram sobre os meios, atualmente disponíveis, para ajudar pessoas com ideação suicida, bem como identificar esses indivíduos por meio da observação dos sinais e comportamentos.
Segundo o coordenador da Rede de Saúde Mental, Tadeu Donizeti Leite, a palestra foi um grande sucesso. Isso porque, ao contrário do ano passado, em que o evento foi destinado apenas ao público interno da Secretaria de Saúde, este ano a presença elevada de público mostrou que o interesse pelo assunto tem sido grande entre as pessoas, o que facilita na divulgação, no esclarecimento e na informação sobre como lidar com esta situação na sociedade. ???Falar sobre o suicídio até alguns anos atrás era considerado um tabu, não se conversava sobre o assunto. Hoje isso mudou, está se tornando comum [falar sobre o suicídio], e quanto mais falado, mais pessoas se interessam e aprendem a identificar os sinais e até mesmo intervir em algumas situações???, salientou.
De acordo com a Vigilância Epidemiológica, nos últimos três anos, Americana registrou 34 suicídios, sendo 16 casos em 2016, nove em 2017 e nove também em 2018, considerando que os dados deste ano se referem até a primeira quinzena de setembro.
Dos 34 casos, a prevalência do sexo masculino é evidente, já que 26 foram cometidos por homens e apenas oito por mulheres. Em relação à faixa etária, observa-se maior incidência na faixa que vai dos 30 aos 39 anos, já que foram registrados dez suicídios no período, enquanto que nos extremos, o número de casos foi muito baixo, sendo apenas dois entre 15 e 19 anos e três em pessoas na idade entre 70 e 79 anos.
Os dados registrados no município, ao longo dos últimos três anos, revelam situações preocupantes. Em 2016, enquanto 16 pessoas cometeram suicídio, outras 67 atentaram contra a própria vida, porém não obtiveram êxito na consumação do ato. Desse total, a maioria, 51 casos, era de mulheres e apenas 16 casos eram de homens. A faixa etária entre 20 e 40 anos prevaleceu com maior número, chegando a 30, com 22 mulheres e oito homens.
Em 2017, as tentativas de suicídio foram ainda maiores, com 118 notificações e, mais uma vez, as mulheres em destaque com 92 registros contra 26 casos entre os homens. A incidência maior continuou sendo na faixa etária entre 20 e 40 anos, sendo 54 notificações, das quais 48 mulheres e seis homens. No ano de 2018, das 72 tentativas registradas até agora, 49 foram por mulheres e 23 por homens, com predominância na mesma faixa etária, sendo 40 tentativas, das quais 30 por mulheres e 10 por homens.
No Brasil, o movimento Setembro Amarelo foi idealizado pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), Conselho Federal de Medicina e Associação Brasileira de Psiquiatria e, embora no dia 10 de setembro se comemore o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, na prática, as ações de prevenção devem ocorrer em todos os dias do ano.
Para quem já teve – ou ainda tem – o desejo de cometer suicídio e queira ser atendido por algum profissional da área da saúde mental, basta procurar uma UBS (Unidade Básica de Saúde) e será encaminhado para atendimento nos CAPSs (Centros de Atenção Psicossocial), que irá fazer o acolhimento e indicar um tratamento especializado, se necessário. O CVV disponibiliza o telefone 188 (ligação gratuita 24 horas). No Terminal Rodoviário de Americana, todas as terças-feiras, das 16h às 21h, cinco a seis psicólogos realizam atendimento pontual e gratuito na sala da Comunidade Davi.