Talvez a escola não quis se aprofundar nesse assunto para não politizar demais nossas crianças e adolescentes. Mas a realidade é que o tal do Tiradentes, batizado como Joaquim José da Silva Xavier, só de fato “tirou dentes” por alguns anos de sua vida. Isso porque seu tio, que o criou depois que seus pais faleceram precocemente, era dentista.

Outro fato é que Tiradentes era fruto de um matrimônio luso-brasileiro (pai português e mãe brasileira), certamente essa mistura genética o levou a um senso de equilíbrio social entre as duas nações.

O menino cresceu e, reza a lenda que o filho homem sempre pende para o lado da mãe. Pois bem, não foi diferente. A “Mãe gentil” estava sofrendo abusos do governo português. Nessa época, o Brasil já era uma “mina de ouro” para os português. O próprio Estado de Minas Gerais havia sido descoberto como uma fonte de minério enchendo os olhos dos português de ganância.

A estratégia dos colonizadores foi aumentar os impostos e explorar a matéria prima. A fonte foi se esgotando e os impostos continuaram a sugar os mineradores. Foi aí que nosso amigo dentista deixou de lado a profissão e levantou bandeiras de libertação.

O plano falhou, tinha um dedo duro na turma, todo mundo acabou preso e Tiradentes enforcado em praça pública em 21 de Abril de 1792.  Se desse certo, iriam transformar os Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro em um novo país. Livre dos portugueses, inspirados no Iluminismo. Não aconteceu, mas deixou a ideia para o futuro, anos depois em 1822 o Brasil enfim se tornou livre do domínio português, em modelo republicano.

Posso aprender algumas coisas nessa história: primeiro que “um filho teu não foge à luta”, Tiradentes foi homem corajoso, firme em seus ideais. Segundo que mesmo que nossas ideias não sejam executadas por nós mesmos ou no nosso tempo, não significa que elas sejam impossíveis e por último: que sempre haverá alguém disposto a pagar o preço pelo bem coletivo.

José Odécio de Camargo Junior  é advogado