A carioca Priscila Reis, de 26 anos, vem escrevendo seu nome na história do esporte e abrindo espaço para atletas que são trans. Priscila é fisiculturista e participou em setembro deste ano do Mr. Saquarema, no estado do Rio de Janeiro. Ela entrou para a história ao se tornar a primeira transgênero brasileira a participar de uma competição apenas com mulheres cis (que se identificam com o seu gênero biológico). Ela ficou em 2º lugar.
Autorizada pela federação de fisiculturismo, Priscila passou a competir com mulheres cis gênero. Para não ter nenhuma vantagem sobre as outras competidoras, foi estabelecida que a sua taxa de testosterona deveria ter menos de 10 nanomol. 
Sobre sua transição, que começou aos 18 anos, Priscila conta que não foi nada fácil: “no início foi muito difícil para minha família entender a minha transformação. Mas, com o tempo, meus pais foram percebendo que não era uma questão de moda ou promiscuidade. Era uma necessidade que eu tinha. Hoje temos ótimo relacionamento, em tudo”. 
Priscila também foi finalista do concurso de Valesca Popozuda em 2012. Na época, ela tinha um corpo bem diferente, mais magro, e sem músculos definidos: “acabou que o concurso foi uma grande perda de tempo. Nenhuma das dez finalistas foi efetivada como dançarina, me senti enganada”, argumenta. 
Além de vice campeã de fisiculturismo, Priscila embora formada em moda pela Unigranrio, trabalha como gerente da oficina de troca de óleo do pai, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.  A fisiculturista afirma que tem boa relação com a equipe e os clientes, e que de vez em quando recebe cantadas na oficina: “Muitos homens chegam aqui, pedem o cartão da loja e, quando vão embora, me ligam dando cantada. Há também os caras que fazem piadinhas, mas os meus funcionários são homens muito bem-resolvidos e me defendem muito”.