A vacinação infantil no Brasil tem apresentado queda consecutiva anualmente e atingiu em 2022 as menores taxas dos últimos dez anos, segundo dados do DataSUS¹. Considerando que a vacinação é uma das formas mais efetivas para prevenção de doenças, os dados se mostram alarmantes, pois a redução gera maior risco de contágio por poliomielite e sarampo, que já haviam sido eliminadas no país e que podem deixar sequelas ou causar mortes. O ideal é que o percentual de cobertura vacinal esteja acima de 90% para todos os imunizantes.

Para debater esse tema de extrema relevância para a saúde pública será realizada a audiência pública “Vacinação Infantil: Doenças do Passado, Problemas do Futuro” na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP), nesta terça-feira (12), às 10h, no Auditório Teotônio Vilela.  O evento, aberto ao público geral, visa entender a atual situação da cobertura vacinal no estado para que sejam articuladas ações e campanhas para fortalecer a vacinação entre a população, com especial foco em crianças e adolescentes.

A audiência contará com a presença de especialistas no tema, como Renato Kfouri, pediatra infectologista; Marlene Oliveira, Presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida; Natália Pasternak, Presidente do Instituto Questão de Ciência; Simone Malandrino, Presidente do CONDECA; Luciana Bergamo, Promotora de Justiça e Jair Leme, Consultor especialista em saúde da Speyside.

Em 2021, em relação às vacinas ofertadas gratuitamente pelo sistema público de saúde, os três imunizantes com a menor taxa de cobertura no país foram contra a poliomielite (70% de cobertura), a segunda dose de tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola, com 51,6%) e a vacina contra varicela (com apenas 65%), deixando a população, especialmente o público infantil, mais vulnerável. Já em 2022, analisando até o final do mês de junho, a cobertura contra a poliomielite está em apenas 36,5%. No estado de São Paulo, o percentual está em 34,4%, não atingindo nem a metade da cobertura total do ano passado até o momento. Já em relação à varicela, apenas quatro em cada dez crianças receberam a vacina¹.

Dentre as razões que têm influenciado a queda de cobertura vacinal estão a falsa sensação de que não há a necessidade de vacinação, por conta do controle dessas doenças imunopreveníveis; uma possível relutância da comunidade em se vacinar, ocasionada por informações falsas ou incorretas; e a falta de organização, fluxos e amplas campanhas que incentivem e facilitem a vacinação. Além disso, o cenário se agravou nos últimos dois anos com a pandemia e as restrições de deslocamento da população aos postos de saúde.

“Das 15 vacinas que deveriam ser aplicadas nos primeiros quatro anos de vida, pelo menos nove estão abaixo dos índices recomendados pela OMS. É urgente construirmos ações coordenadas entre sociedade civil e órgão públicos para reverter esses indicadores”, explica a deputada estadual Marina Helou, que é coordenadora da Frente Parlamentar pela Primeira Infância na Alesp.

Outro fator é a importância de completar o esquema de doses de cada vacina recomendada. Ao avaliar o cenário das coberturas de imunizantes que necessitam de segunda, terceira ou doses de reforço, é ainda mais crítico. O esquema vacinal completo é muito importante para promover a proteção de longo prazo e garantir a efetividade da prevenção contra essas doenças.

Referências

  1. Imunização – Cobertura Brasil, 2022. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/dhdat.exe?bd_pni/cpnibr.def, acesso em 30 de junho de 2022.