(Reuters) – O colapso de barragem de mineração da Vale em Brumadinho (MG) deixou dezenas de mortos e centenas de desaparecidos, em meio a poucas esperanças de encontrar muitos sobreviventes, enquanto a mineradora já começa a sentir os efeitos legais do desastre. Até o fim da tarde de sábado, o Corpo de Bombeiros havia registrado 34 mortos, 81 desabrigados e 23 hospitalizados, depois que uma avalanche de lama atingiu comunidades e uma área administrativa da própria Vale, em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte.
No início da noite, a Vale publicou uma lista de 253 funcionários, dentre próprios e terceirizados, que constavam como desaparecidos. ???Infelizmente, neste momento, as chances de encontrar sobreviventes são mínimas. Provavelmente estaremos apenas resgatando corpos???, disse a jornalistas Romeu Zema, governador do Estado de Minas Gerais.
O número de mortos deve subir drasticamente, segundo Avimar de Melo Barcelos, prefeito da cidade de Brumadinho. A causa da ruptura não é conhecida. Renato Simão de Oliveiras, de 32 anos, procurava em hospitais e com a polícia por seu irmão, que trabalhava para a Vale há seis anos, e estava desesperado com a falta de informação.
???Eu ouvi sobre isso quando estava no trabalho. Liguei para ele várias vezes, mas não consegui encontrá-lo???, afirmou. ???Estamos perdidos, não sabemos de nada.??? O Estado ainda está se recuperando do colapso de novembro de 2015, de uma barragem maior, da mineradora Samarco ???uma joint venture da Vale com a anglo-australiana BHP,???, que deixou 19 mortos, centenas de desabrigados e atingiu o rio Doce, causando o maior desastre ambiental do país.
?? Reuters, o procurador da República José Adércio Sampaio afirmou que o novo colapso pode mudar completamente o rumo das negociações no entorno de uma ação de 155 bilhões de reais movida contra a Samarco e suas donas (Vale e BHP), no âmbito de tragédia ocorrida há três anos.
Coordenador da força-tarefa do Rio Doce, criada pelo Ministério Público Federal para investigar o caso Samarco, Sampaio ponderou no entanto que ainda é preciso investigar as causas do novo desastre.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que é necessário mudar o protocolo de segurança de barragens no país e que o Ministério Público terá ação mais severa e firme na tragédia em Brumadinho após os aprendizados com o desastre em Mariana.
BOLSONARO- O presidente Jair Bolsonaro, que esteve em Brumadinho na manhã deste sábado, afirmou que o governo federal fará o que puder para ajudar e impedir que isso ocorra de novo. E disse que o governo pode liberar recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para ajuda na tragédia. ???Difícil ficar diante de todo esse cenário e não se emocionar. Faremos o que estiver ao nosso alcance para atender as vítimas, minimizar danos, apurar os fatos, cobrar justiça e prevenir novas tragédias como a de Mariana e Brumadinho, para o bem dos brasileiros e do meio ambiente???, tuitou.
Também na rede social, o presidente afirmou que o governo de Israel ajudará o país na busca por desaparecidos.