O caso dos padres Pedro Leandro Ricardo, de Americana, Carlos “Batatinha”, de Araras e bispo Vilson Dias de Oliveira serão retratados em episódios da nova série documental produzida por J.T. Barnett, produtor norte americano responsável por obras de grande sucesso como a série “A Máfia dos Tigres”, da Netflix e o programa de TV “Cheaters”.
O padre Leandro começou a ser julgado este mês em Araras.
Barnett filmará em Americana nesta quarta-feira (30/06) com vítimas e testemunhas dos supostos casos de abuso sexuais de padre Pedro Leandro Ricardo, cujo julgamento está em andamento desde o dia 8 de junho, com previsão de término em julho. As filmagens são parte de dois projetos: “Modus Operandi” e “Trauma Positivo”, ambas séries documentais que terão como protagonista o jornalista investigativo Giulio Ferrari. As gravações iniciaram em fevereiro, em Dallas, e as séries serão oferecidas para produção de serviços de streaming, como a Netflix e a Amazon.
O paranaense Giulio, radicado nos EUA, é um ativista contra abusos sexuais e ficou famoso após sua participação nas investigações de João de Deus junto a equipe do Pedro Bial e Fantástico. Usando do momentum, criou o programa “Chega de Abuso”, onde expõe casos de abusos sexuais seriais nas principais redes sociais. Foi assim que padre Leandro se tornou um “personagem” recorrente nas lives de Giulio; não só ele mas vários outros padres da Diocese de Limeira.
J.T. Barnett ainda entrevistará no Brasil agentes da polícia federal e o secretário de segurança pública do Estado de São Paulo, além de advogados de Curitiba, onde vai relatar o caso de abuso sexual do qual foi vítima o próprio Giulio.
SAMUEL MONTANA
Junto com Barnett e sua equipe, virá para Americana também o ex-agente especial Samuel Montana, aposentado do “Homeland Security” – a entidade governamental mais alta de segurança pública no país, uma polícia com poder de ministério. Com 25 anos de atuação dentro e fora dos Estados Unidos, serviu em 14 países inclusive no Brasil (que diz ter sido seu favorito), Samuel é referencial quando se trata de investigações criminais. Quase um 007 Norte-Americano, Sam investigou grandes casos de tráfico humano internacional, e ajudou a derrubar grandes esquemas ligados a perigosos carteis internacionais. Ele viveu quatro anos no Brasil como adido diplomático, onde conheceu e casou-se com uma brasileira.
“Fui gestor do programa nacional para o crime transnacional e divisão de segurança pública na sede da segurança nacional. Eu não queria me tornar oficialmente um agente secreto, então o que eu fazia eram ‘participações especiais’. Em relação ao Giulio Ferrari, fiz o que sempre faço! O investiguei a fundo. É uma pessoa de sucesso, e apesar do background de abusos que enfrentou, é bom pai, um excelente marido e quer contribuir para sua comunidade. Sua luta é legítima e queremos registrar para a posteridade no documentário, sob uma abordagem e perspectiva de investigação”, explica Montana no vídeo de promo de uma das séries de Ferrari:
https://www.youtube.com/watch?v=4yxYW4ZGsng
MODUS OPERANDI E TRAUMA POSITIVO
A série Modus Operandi divide o título com a série de livros de Ferrari, baseados nas investigações do jornalista investigativo. Nesta série, Giulio aborda os crimes como um perfilador criminal: mostrando como funciona seu protocolo científico IDVICS – o primeiro protocolo forense do mundo criado para identificar, expor, e trazer à justiça abusadores em série. Em todos os episódios, o entrevistador convida experts de diversas áreas, como psicologos forense e investigadores profissionais como Sam Montana.
Já com “Trauma Positivo”, o título do documentário representa a busca de Ferrari por “juntar os cacos” de suas experiências traumáticas ao longo da vida em um legado positivo para sua família e comunidade.
“Sou um sobrevivente. Por 20 anos, fui uma vítima. Vítima de abuso sexual infantil, servidão por contrato, vítima de racismo. Após tudo isso, criei o primeiro protocolo mundial para identificar, expor e levar à Justiça abusadores seriais. Um protocolo científico. Hoje, consigo ajudar pessoas que foram abusadas a se curarem de seus traumas. Tentamos ajudá-los a perceber que sobrevivência e aceitação andam de mãos dadas”, afirma Ferrari.
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“O modus operandi por trás de líderes religiosos, padres, pastores, médiuns e afins, que usam sua posição de poder para manipular e envolver sexualmente seus seguidores em suas vidas, são de pessoas que sempre se enquadram como ‘psicopatas da tríade obscura’, que mesclam narcisismo, maquiavelismo e psicopatia, como é o caso de Leandro Ricardo, que expus em minhas lives”, detalha Giulio.
A respeito do caso do padre Pedro Leandro Ricardo, Giulio relata que “o modus operandi de Leandro Ricardo não é diferente de todos os abusadores em série que tenho investigado dentro e fora da igreja Católica. Aproveitam-se de garotos e garotas em sua maioria pobres ou com problemas familiares. Expus esse e outros casos, como do padre Felipe Negro e estou convicto de ter ajudado vítimas e testemunhas que não tiveram um canal apropriado para denunciar. Isso e muito mais será detalhado na minha série documental”