Com o crescente número de denúncias de assédio moral no ambiente de trabalho, a advogada trabalhista Mariana Chicovis traz à tona a gravidade da situação e a necessidade urgente de conscientização e combate a essa prática abusiva. Especialista em direito do trabalho, ela chama atenção sobre o tema e destaca dados recentes do Ministério Público do Trabalho (MPT).

De acordo com o MPT, apenas nos primeiros sete meses de 2023, foram registradas 7.627 denúncias de assédio moral, um aumento de 90% em relação ao mesmo período de 2022. O total de denúncias de assédio moral e sexual chegou a 8.508 no ano de 2022, com os números de 2023 mostrando uma tendência de crescimento ainda maior.

O assédio moral no trabalho é caracterizado por práticas repetitivas de abuso psicológico que expõem funcionários a situações constrangedoras e humilhantes, interferindo em sua dignidade e liberdade. Entre os comportamentos comuns estão a imposição de metas inatingíveis, isolamento social no ambiente de trabalho, rebaixamentos de função sem justificativa e críticas constantes sem fundamento​.

Mariana Chicovis ressalta que o aumento das denúncias reflete uma mudança positiva na percepção das vítimas, que agora se sentem mais seguras para denunciar. “A exposição midiática de casos de assédio, como o envolvendo o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, trouxe visibilidade ao problema e encorajou muitas vítimas a quebrarem o silêncio,” afirma a advogada.

Ela também destaca a importância de um ambiente de trabalho saudável e seguro, tanto para o bem-estar dos funcionários quanto para a produtividade das empresas. “É fundamental que as organizações invistam em treinamentos, práticas de boa governança e sistemas eficazes de denúncia para prevenir e combater o assédio moral,” completa.

O que a empresa pode fazer?

Para combater o assédio moral, Mariana Chicovis sugere algumas medidas essenciais:

  1. Políticas internas claras: Implementação de políticas rigorosas contra o assédio moral, com procedimentos claros para denúncias e investigações.
  2. Treinamentos regulares: Capacitação contínua de gestores e funcionários sobre a identificação e prevenção do assédio.
  3. Ambiente seguro para denúncias: Criação de canais de denúncia confidenciais e acessíveis para que as vítimas se sintam protegidas.
  4. Apoio psicológico: Disponibilização de suporte psicológico para vítimas de assédio moral, ajudando na recuperação e na manutenção do bem-estar mental.