Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e primeiro vice da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) se mostrou indignado com a atual taxa de juros no Brasil. “Há um triste consenso entre os analistas de mercado de que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter, nestas terça e quarta-feira (4 e 5/11), a taxa Selic em 15%”, avalia.
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O dado a que ele se refere está no Boletim Focus do Banco Central, divulgado na segunda-feira (3/11).
“O tal consenso revela um equívoco que conspira contra a retomada econômica mais robusta do País, pois contraria a prioridade de promover investimentos, crescimento sustentado e a geração de empregos. Além disso, soa contraditório”, afirma Cervone, ponderando: “Pela sexta semana consecutiva, o mercado reduziu a expectativa para a inflação de 2025, projetando-a em 4,55%. Ora, se o IPCA diminui, os juros também deveriam ser menores”.

De fato, há forte perspectiva de que a inflação encerre o ano dentro do teto da meta. “Mesmo assim, o Copom tende a insistir em uma taxa básica exagerada, resultando em juros reais para as empresas e consumidores entre os mais altos do mundo”, enfatiza o presidente do Ciesp, observando que essa política freia o crédito, encarece o investimento produtivo e trava o avanço do PIB.
Para Cervone, é necessário romper com urgência o círculo vicioso que combina crises fiscais e juros elevados.
Fala Cervone
“O Estado precisa gastar no limite do que arrecada e os juros não podem continuar sendo um obstáculo sistêmico ao crescimento econômico”, ressalta.
O presidente do Ciesp também alerta que não se pode usar indefinidamente o desequilíbrio das contas públicas como desculpa para manter a Selic em níveis punitivos para quem produz, consome e trabalha, sobretudo quando a inflação está em franca desaceleração. “Pouco lembram disso, mas quando o juro sobe, o serviço da dívida pública aumenta na mesma proporção, agravando o déficit”, acentua.
“Precisamos romper esse ciclo pernicioso, pois o Brasil não pode continuar sendo refém de juros altos e déficit fiscal. É hora de construir uma política econômica estruturada e coesa que estimule a produção, o emprego e o desenvolvimento de longo prazo”, conclui.
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