O choro musicado pelo conjunto de bandolim, flauta, violão 7 Cordas, pandeiro, cavaquinho e clarinete em rodas por todo o país é Patrimônio Cultural do Brasil, o que significa ser reconhecido como parte da cultura e da história do país. A decisão do registro do gênero musical genuinamente brasileiro foi tomada no último dia 29 de fevereiro, por unanimidade, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, presidido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Inicialmente, o pedido de reconhecimento foi apresentado pelo Clube do Choro de Brasília, pelo Instituto Casa do Choro do Rio de Janeiro, pelo Clube do Choro de Santos (SP) e por meio de abaixo-assinado. A partir do reconhecimento, o gênero será registrado no Livro das Formas de Expressão do Instituto, que reúne as manifestações artísticas em geral.
O estilo musical agora Patrimônio Cultural tem seu espaço em Campinas há 25 anos. O Restaurante e Bar Empório do Nono, no Distrito de Barão Geraldo, dedica toda última segunda-feira do mês para a Noite do Choro, quando reúne um grupo de músicos da cidade. Neste dia também ocorre a Roda de Samba, aberta para qualquer pessoa que sabe tocar.
Júnior Pattaro, fundador e proprietário do Empório do Nono, conta que o choro está totalmente atrelado com a história da casa. “Quando fundamos o Empório do Nono, há 25 anos, decidimos trazer esse estilo para dentro do estabelecimento, pois ele reúne e representa o que há de melhor na música”, diz. “Além de agradar o os frequentadores, também atrai músicos de renome de vários países que visitam a Unicamp, e acabam dando uma palha nas rodas de choro”, acrescenta
Daniel Romanetto, que toca cavaquinho e está no projeto do Empório do Nono há mais de duas décadas, diz que essa decisão do Iphan é um reconhecimento ao estilo musical considerado o pilar principal da Música Popular Brasileira. “Além de vir antes do Samba e da Bossa Nova, o Choro é um dos poucos gêneros musicais que faz sucesso tanto no botequim como no teatro e apreciados por vários públicos”, comemora. “E hoje, o Empório do Nono pode ser considerado como um resistente. “Vinte e cinco anos de resistência da casa, único local que mantém a música.
Chiquinho do Pandeiro é um personagem emblemático do projeto da casa. Ele foi o primeiro músico a tocar e está presente até hoje. “Por si o fato de o Empório manter há 25 anos esse projeto já diz tudo, preservando um gênero genuinamente local”, afirma. Ele lembra que pelo local já passaram vários nomes nacionais e internacionais importantes do estilo musical, como Zé da Velha, Silvério Pontes, Chorando na Sombra, o grupo Choro Bandido. “Muita gente já passou na roda e muitos estão ainda por passar com novo projeto que está chegando, com a inclusão do trombone e trompete). “O projeto de Choro do Empório do Nono é importante por fomentar a cultura”, completa.
A ministra da Cultura (MinC), Margareth Menezes, comentou a decisão de registro pelo Iphan, subordinado à pasta. “É o Choro chegando em um lugar de patrimônio importante. Ele é uma construção do povo brasileiro, amado pelo povo brasileiro. Eu acho que o Brasil precisa, cada vez mais, se apropriar do chorinho. O chorinho é nosso, é uma coisa linda e, agora como, patrimônio será um momento muito especial para todos nós.”