O WhatsApp é um bom aplicativo de troca de informações rápidas entre os usuários, mas existem golpistas que estão se aproveitando da ferramenta para praticar crimes. Em 2020, por exemplo, foi comum a propagação de falsas notícias sobre o coronavírus, golpes envolvendo o Auxílio Emergencial, além do compartilhamento de phishing (vírus, spam) e contas clonadas.

Todas essas fraudes podem continuar sendo exploradas neste ano e junta-se a elas uma nova prática descoberta pela Polícia Civil de cada estado, a de que o Whatsapp de alguns usuários vêm sendo duplicados. Nessa estratégia, o criminoso consegue se passar por alguém próximo da vítima, seja parente ou amigo, pois usa a mesma foto de perfil e o mesmo nome, mas o número é diferente.

E para enganar fica fácil, porque, além de ter as mesmas características, o golpista inventa uma história para justificar a troca de número e pede depósitos em dinheiro.

Para nos explicar sobre esse crime e dar dicas de como se prevenir, convidamos o advogado Sergio Rodrigo Russo Vieira, sócio-diretor do escritório Nelson Wilians Advogados, em Manaus, que também é especializado em crimes virtuais. Ele começa dizendo que é preciso ficar atento desde a primeira mensagem.

“A conversa, geralmente, se inicia com um tom de familiaridade, ‘oi, amigo’, ‘benção, mãe’, e por aí vai. Esse tom diminui uma barreira, mas é importante ficar atento nas próximas mensagens e observar a escrita. É comum que erros ortográficos sejam cometidos em conversas informais, mas se estiverem repetitivos é um sinal para se prestar atenção”, alerta o advogado.

Outras estratégias que o especialista pondera, e que podem ser usadas pela vítima, é solicitar durante a conversa um áudio, uma foto ou chamada de vídeo ou de voz. “Ao receber uma mensagem de alguém supostamente conhecido, e que está pedindo dinheiro, o ideal é confirmar a autenticidade do pedido por meio de uma ligação ou algo que evidencie de que ele/ela”, afirma Sergio, que também alerta a observar o número do DDD.

“Assim que possível, ligue diretamente para pessoa e o avise de que tem outro se passando por ele”, acrescentou.

Realize a denúncia diretamente no aplicativo

No WhatsApp clonado é possível saber quando se está sendo vítima de algum golpe, porque o aplicativo avisa enviando um código de verificação e também tem a verificação em duas etapas, que é recomendável a sua ativação.

Já no Whatsapp duplicado é mais complicado, pois os dados são roubados na internet. Porém, existem maneiras de se prevenir, como: oculte a foto de perfil e deixe visível apenas para os seus contatos. Assim você evita que sua identidade seja roubada. E também evite deixar seus dados visíveis nos perfis (nomes completos de familiares, números de contato), pois são ótimos lugares para serem roubados.

Caso um número desconhecido tenha entrado em contato contigo é possível denunciá-lo diretamente no aplicativo, pois a ferramenta oferece o recurso dentro mesmo da conversa, nas três bolinhas no canto superior direito da tela.

Na pior das hipóteses, caso tenha chegado a efetuar qualquer pagamento, o ideal é procurar uma polícia especializada e denunciar o contato no support@whatsapp.com informado o máximo de detalhes possíveis, como o número do contato, a foto que está usando, o número da conta bancária que compartilhou e qualquer outra comprovação que identifique o golpe.

Da tentativa de golpe a ação social

Recentemente, o advogado Sergio Vieira teve a sua imagem vinculada à prática de roubos no WhatsApp. Ele conta que sua irmã recebeu uma mensagem suspeita, vinda de um número desconhecido, mas o contato estava com uma foto dele e nome no perfil. Logo, desconfiada, ela ligou para ele e, em seguida, lhe enviou um print da conversa. “Fui avisado imediatamente”, disse.

Com o objetivo de alertar as demais pessoas sobre o golpe, o advogado compartilhou a imagem da conversa em seu perfil pessoal no Instagram e ainda brincou dizendo: “Quem quiser depositar dinheiro para o verdadeiro Sergio, eis aqui o número do meu Pix”.

A ação se transformou em brincadeira e em poucos minutos o advogado estava recebendo pequenos valores de amigos que foram na onda. Entretanto, o movimento tomou proporção, pois seus colegas começaram depositar quantias mais altas. Daí lhe surgiu a ideia de arrecadar o maior montante possível em 24 horas (tempo de duração da publicação), e se comprometeu a doar o dobro para uma instituição de Manaus.

Sobre a ação social o qual conseguiu arrecadar mais de R$4 mil, ele comenta. “Fiz de um limão uma limonada e é assim que a vida funciona, pois, diariamente, nos deparamos com diversos limões (oportunidades) em nossa jornada e só basta sabermos selecionar os melhores frutos para fazer um belo suco”, disse.

Em relação ao “fã não correspondido”, termo que preferiu se referir ao golpista, o advogado acrescentou que medidas cabíveis foram tomadas.

Sobre o advogado

Sergio Rodrigo Russo Vieira tem 37 anos (São Paulo em junho de 1983). Formado em Direito em 2006 na Universidade Salvador, assumiu o cargo de Sócio Diretor do escritório Nelson Wilians Advogados em Manaus, que é atualmente é o maior escritório do país e conta com filiais em todos os Estados da Federação, empregando cerca de 2.000 colaboradores e com 450.000 processos ativos em sua base.