A pandemia do novo coronavírus impacta psicologicamente os profissionais de enfermagem do estado de São Paulo e estabelece vulnerabilidades quanto à ansiedade e problemas laborais. Esta é a principal conclusão da pesquisa “O Impacto da Pandemia Covid-19 na Saúde Mental dos Profissionais de Enfermagem do Estado de São Paulo”, realizada pelo Coren-SP e pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), cujos resultados são divulgados nesta sexta-feira (18).
A pesquisa contou com a participação de 13.587 profissionais de enfermagem de todo o estado. Dentre os resultados, foi apontado que 80% dos participantes estão em contato com casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 no trabalho, 87% afirmam ter sintomas de burnout (algum distúrbio emocional), 58% apontam ter ansiedade leve, moderada ou severa, 93% têm medo de transmitir a Covid-19 para as pessoas que amam e que apenas 14% estão realizando tratamento psicológico atualmente.
Dentre as principais conclusões, nota-se que o medo de ficar doente pode estar relacionado ao fato de o profissional deixar de ser cuidador e passar a ser cuidado. Também se afere que o fato de a maioria dos profissionais não realizarem tratamento psicológico pode estar relacionado à crença de que não precisam desse acompanhamento. E não se observou o aumento de consumo de estimulantes ou medicamentos psicotrópicos, o que denota a compreensão dos profissionais de que a utilização dessas substâncias pode vulnerabilizá-los em vez de auxiliá-los neste momento.
“Consideramos que a pesquisa é um instrumento que pode nortear a mobilização do Coren-SP em prol de melhorias de condições de trabalho e que refuta a importância de um correto dimensionamento de profissional, como é preconizado. Ela também pode alertar as autoridades sobre a saúde mental da enfermagem, reivindicando criação de fluxos de atendimento e melhores condições de trabalho”, avalia Cláudio Silveira, presidente em exercício do Coren-SP.
A pesquisadora Mariana Vastag, professora na Unoeste, analisa que foram identificados os indícios para as relações de vulnerabilidade quanto à ansiedade e ao esgotamento profissional. “Com a pesquisa, é possível realizar proposições de medidas e intervenções relacionadas à promoção e à prevenção junto às instituições de saúde no que concerne à saúde mental do profissional de enfermagem”, afirmam.
Foto: João Paulo Barbosa
Mariana Vastag: pesquisa ajuda tomar medidas de enfrentamento e fortalecimento da categoria