O glaucoma e a catarata são doenças oculares graves que podem provocar a perda completa da visão. Embora exista tratamento para esses problemas, a falta de informação e a dificuldade de acesso aos sistemas de saúde prejudicam o diagnóstico correto e, por consequência, o acompanhamento médico.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo menos 2,2 bilhões de pessoas no mundo têm algum nível de deficiência visual. Em quase metade desses casos, o problema ocular poderia ser evitado ou ainda não foi tratado.

Só no Brasil, há cerca de 7 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência visual, conforme informações da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2019.

A situação se torna ainda mais preocupante em função do nível de desinformação no País sobre a importância da saúde ocular. De acordo com a pesquisa “Um olhar para o glaucoma no Brasil”, feita pelo Ibope Inteligência a pedido da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), 41% dos entrevistados nem mesmo sabem o que é glaucoma.

A pesquisa também revelou que mais da metade (53%) deles não sabe que essa doença pode provocar um quadro de cegueira irreversível.

Apesar do receio das consequências que a perda da visão poderia gerar em suas vidas, somente 37% dos entrevistados entendem a importância da consulta frequente no oftalmologista para evitar o problema.

Por isso, o acesso à informação é a principal chave para evitar casos graves. Veja a seguir 5 razões para cuidar da saúde ocular!

1. Glaucoma e catarata são doenças silenciosas

Tanto o glaucoma quanto a catarata, que são duas das principais doenças oculares que podem levar à cegueira, são silenciosas, mas podem ser identificadas a partir de sintomas diferentes.

Enquanto a catarata se caracteriza pela perda gradual da transparência do cristalino, que é a lente natural do olho, o glaucoma é considerado mais grave, provocado pelo aumento da pressão intraocular.

Em relação à catarata, os sintomas iniciais são visão turva, redução da capacidade de enxergar à noite e sensibilidade à luz. Geralmente, o desenvolvimento desses sinais ocorre de maneira lenta e progressiva, sendo o envelhecimento um dos principais fatores.

Já no caso do glaucoma, que pode se desenvolver durante meses ou anos,  os problemas começam a aparecer somente quando a doença está em estado avançado, momento em que a pessoa inicia a perda da visão periférica.

Em ambas as situações, o acompanhamento oftalmológico é fundamental para identificar sintomas de deficiências visuais e tratamentos adequados.

2. Envelhecimento do sistema ocular 

Assim como os demais órgãos do corpo, o sistema ocular sofre algumas perdas durante o envelhecimento. A partir dos 40 anos de idade, por exemplo, uma pessoa pode começar a desenvolver a presbiopia, doença caracterizada pela dificuldade de enxergar de perto.

Com o avanço da idade é comum um indivíduo entrar no grupo de risco para o desenvolvimento de doenças como o glaucoma e, após aos 60 anos, para o grupo de risco de catarata.

Como essas doenças são silenciosas, o ideal é fazer exames oftalmológicos com frequência, o que possibilita o diagnóstico e tratamento precoce das doenças.

3. Estilo de vida e risco de doenças oculares

Outro fator que deve ser um ponto de atenção é o estilo de vida referente à alimentação, prática de atividades físicas, sono desregulado e ao costume ou necessidade de passar longas horas na frente de telas digitais.

Especialistas apontam que hábitos como esses não só agravam os riscos de desenvolvimento de doenças crônicas, como prejudicam a saúde ocular. O sedentarismo, por exemplo, uma vez que afeta o bom funcionamento do sistema vascular, também prejudica a saúde do olho, como a degeneração da retina.

Além disso, uma alimentação pobre em vegetais escuros, peixes e sementes impede que o corpo tenha acesso aos micro e macronutrientes essenciais para a manutenção da saúde ocular.

Outra característica relacionada ao estilo de vida contemporâneo é o aumento do tempo de uso de smartphones, tablets e notebooks. O uso excessivo de telas pode provocar o ressecamento ocular, cansaço visual, distúrbios do sono e até problemas para focar em enxergar de perto. Por isso, além de passar regularmente com um oftalmologista, é importante adotar práticas mais saudáveis.

4. Diabetes e pressão alta são fatores de risco

Doenças crônicas como diabetes e a hipertensão são consideradas fatores de risco para o desenvolvimento de doenças oculares. Enquanto as pessoas com pressão alta são mais suscetíveis à ocorrência do glaucoma, a diabetes pode provocar tanto o glaucoma quanto a catarata.

No Brasil, esses dados são preocupantes, visto que o país ocupa a 5ª posição no ranking de países com maior incidência de diabetes no mundo. Cerca de 16,8 milhões de brasileiros já foram diagnosticados com essa doença.

No caso da hipertensão, o problema é ainda maior. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), cerca de 30% dos brasileiros são hipertensos.

Por isso, pessoas diagnosticadas com alguma dessas doenças crônicas precisam fazer o acompanhamento frequente da saúde ocular, já que possuem maiores chances de desenvolver deficiências visuais.

5. O tratamento inicial é muito importante

O glaucoma e a catarata podem provocar a cegueira irreversível somente em casos extremos, quando estão em estágios avançados. Como essas doenças apresentam uma evolução lenta e, muitas vezes, silenciosa, a única forma de impedir o avanço para estágios mais graves é investir no diagnóstico inicial, que pode ser realizado em consultas e exames.

No caso da catarata, o principal tratamento é cirúrgico. A cirurgia consiste na retirada do cristalino opaco, que é substituído por uma lente intra-ocular. O processo é simples, mas eficiente, capaz de devolver a visão normal ao paciente.

O mesmo não ocorre com o glaucoma, que ainda não possui um tratamento que promova sua cura. Apesar disso, os médicos podem realizar diferentes tratamentos para impedir o avanço da doença.

A escolha do tratamento depende do quadro do paciente. A partir do diagnóstico, o médico pode optar pelo uso de colírios específicos para reduzir a pressão ocular, por exemplo.

Além do mais, o paciente também pode ser submetido a um procedimento a laser e até a uma cirurgia para evitar que os nervos ópticos sejam danificados, o que pode levar à cegueira.

Enfim, independentemente do tipo de doença ocular, médicos, pesquisadores e diversas organizações da sociedade civil concordam que a prevenção é a melhor opção para evitar o desenvolvimento de cegueira e de outras deficiências visuais.

De acordo com o levantamento da OMS, quase 1 bilhão de casos de deficiência ocular poderiam ter sido evitados com o investimento em medidas preventivas e no diagnóstico inicial de doenças oculares.

Por isso, a recomendação é que jovens e adultos que não apresentam nenhum problema de visão, façam pelo menos uma visita anual ao oftalmologista ou a um especialista em glaucoma, para acompanhar sua saúde ocular. A partir dos 40 anos de idade, o ideal é que essa consulta seja feita todos os anos.

No caso de quadros clínicos específicos, como alto grau de miopia, diabetes, pós-operatórios e pessoas com histórico de doenças oculares na família, por exemplo, pode ser necessário realizar consultas e exames com mais frequência.