Em contraste aos mais de 14 milhões de desempregados no país, estão as 400 mil vagas de emprego não preenchidas por profissionais na área de tecnologia. Fato que, segundo a Softex, que integra o Projeto TechDev Paraná, gerou R$ 167 bilhões de prejuízo entre 2010 e 2020. O que se tem observado na prática é que esta realidade se estende para outras áreas, como: operadores das mais diversas máquinas industriais, pedreiros, ajudantes, dentre muitos outros. Neste contexto, será que o comodismo é mais um freio para o desenvolvimento da economia do país?
Thiago Nigro, considerado um dos investidores mais influentes do país, traz um conceito peculiar que se aplica perfeitamente ao gerenciamento de carreiras e oportunidades. A base do conceito do autor é converter os ganhos financeiros em horas. Por exemplo, no orçamento doméstico, após somar os ganhos e tirar as despesas e fazer alguns cálculos, identifica-se que sobraria R$ 10 por hora. Então, para comprar um carro de R$ 50 mil, seriam necessárias 5 mil horas de trabalho ou aproximadamente três anos. Este cálculo não tem a finalidade de desencorajar a compra do carro, mas instigar o senso crítico ao avaliar o custo-benefício desta e de outras aquisições.
Se o segredo é o tempo, então a forma que se investe as horas disponíveis é crucial. Por exemplo, o funcionário que trabalha 44 horas semanais tem 124 horas de sobra nos sete dias. Tempo utilizado para descanso, lazer e aperfeiçoamento de habilidades e competências, se assim o trabalhador quiser. Em relação aos desempregados, sabe-se das dificuldades que enfrentam, no entanto estão ricos de tempo e podem investi-lo da forma que bem entender! Então, por que não buscar conhecimento em trabalho voluntário na comunidade, ou em milhares de cursos gratuitos disponíveis, estágios, trabalhos por hora?
Grande parte destas vagas de emprego disponíveis, provavelmente estaria preenchida, se houvesse mais pessoas investindo algumas horas por semana para aprender um novo ofício ou aperfeiçoar-se na atual função. O comodismo ainda é um freio para economia do país, levando trabalhadores a amargarem as consequências do desemprego e as empresas a arcarem com prejuízos que poderiam ser evitados. É como se sabotássemos a nossa própria economia. Portanto, enfrentar o comodismo é além de uma luta pessoal a oportunidade de sair da zona de conforto e gerar suas próprias oportunidades, para uma sociedade cada vez melhor.