Um levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) aponta que pelo menos 58 jornalistas sofreram agressões físicas desde janeiro deste ano. Além disso, desde maio foram registrados 64 casos de agressão online a jornalistas. Num dos casos, a conta de Whatsapp de um repórter foi invadida. Outros profissionais foram xingados ou tiveram suas imagens associadas a frases pejorativas.
Para pesquisadores, esses casos expõem o grau de violência de uma campanha polarizada e também como as redes sociais estão sendo usadas para ataques coordenados a jornalistas, muitas vezes aliados à disseminação de notícias falsas.
Em muitos casos, o ataque parte de grupos que se voltam contra candidaturas específicas. Esses grupos, além de disseminar notícias falsas, orientam postagens contra jornalistas. Para Marina Iemini Atoji, gerente-executiva da Abraji, quem faz isso não compreende a dimensão da agressão praticada nem o papel da imprensa. A própria entidade já foi alvo do vale-tudo nas redes sociais após se manifestar sobre agressões a profissionais que cobrem as eleições.
“Ao observar as reações às notas da Abraji contra as ofensivas, nota-se que muitos não veem uma distinção entre ataques a jornalistas e críticas ao trabalho da imprensa. Há pouca compreensão de que o primeiro é uma forma de violência e apenas o segundo é parte do jogo democrático. Dizer que uma reportagem tem falhas é completamente diferente de expor dados pessoais”, afirma Atoji.
Num caso recente, ocorrido no dia 30 de setembro, relatado em comunicado do instituto de jornalismo Knight Center for Journalism in the Americas, ligado à Universidade do Texas (EUA), uma repórter de uma rádio de São Paulo foi agredida com uma cabeçada durante a cobertura de um evento de apoio a um candidato à Presidência.