O comércio varejista registrou, apenas no primeiro trimestre de 2015, a perda de mais de 129 mil postos de trabalho no Brasil, e 34,5 mil no Estado de São Paulo. Apesar da dispensa comum de profissionais que são contratados temporariamente para períodos festivos, como o Natal, é a primeira vez que há uma redução tão expressiva do quadro formal de trabalhadores, como a observada no primeiro trimestre deste ano.

As informações fazem parte de um estudo realizado pela FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) com base nos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego. Entre os 25 subsetores da economia brasileira, o comércio varejista representa o segundo maior estoque de trabalhadores formais. Em março, foi responsável por 7.945.613 empregos formais, ou 16,1% do total de postos de trabalho no País. O subsetor fica atrás somente da administração pública, que detém mais de 9,3 milhões de empregados, ou quase 19% do volume geral.
Desempenho nacionalDe acordo com a Federação, a geração de empregos no varejo brasileiro teve o pior desempenho desde 2007, quando apresentou alta de 12.039, contra saldo negativo de 129.820 vistos no primeiro trimestre de 2015.
As dez atividades avaliadas pela Entidade apresentaram redução no número de postos de trabalhos formais, com destaque para o setor de vestuário, tecido e calçados – responsável por quase 2/3 de todo o resultado negativo. Foram 82.469 mais desligamentos que admissões no período. O segundo pior desempenho foi observado na atividade supermercadista, com o fechamento de mais de 15 mil vagas.
De todos os Estados brasileiros, São Paulo (-34.542), Rio de Janeiro (-22,229), Minas Gerais (-18.985), Rio Grande do Sul (-6.449) e Pernambuco (-5.597) foram os que mais impactaram no desempenho negativo nacional do varejo nesses primeiros três meses do ano.
Desempenhos do Estado e da capital de São PauloConsiderando apenas os números de São Paulo, o resultado estadual está em consonância com o País, até mesmo por causa da representatividade diante do estoque de trabalhadores do setor no total do Brasil. Foi a maior perda de empregos formais no varejo paulista, no primeiro trimestre: 34.542 vínculos perdidos, 43% maior em relação ao mesmo período de 2014. Esse dado atual, por sua vez, se comparado a 2007 (+10.043 vagas), também mostra uma perspectiva preocupante.
Assim como no desempenho nacional, o saldo negativo estadual do setor de vestuário, tecidos e calçados foi fator determinante para a piora, com redução de 20.939 vagas, ou 60% do total. Outro setor que obteve resultados nada positivos foi o de os supermercados, com menos 5.222 vagas.
Já na capital, o cenário é o mesmo. Dos quase 10 mil postos de trabalho com carteira assinada perdida no acumulado deste ano, as lojas de vestuário, tecidos e calçados foram responsáveis pelo fechamento de 6.557.
Estimativas para 2015De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, o quadro econômico não deve se alterar a curto prazo. Com a confiança em baixa e custos fixos elevados (como energia elétrica), o empresário é obrigado a cortar custos, incluindo mão de obra, e a diminuir ou adiar os investimentos. 
A decisão dos empresários de rever o quadro de colaboradores também está ligada ao péssimo desempenho das vendas. O quadro inflacionário, aliado à dificuldade para obtenção de crédito em bancos, devido aos juros altos e à maior seletividade, resultou em um comportamento mais cauteloso das famílias no controle orçamentário, o que resultou na redução do consumo. A Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV) realizada pela FecomercioSP em parceria com a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz), apontou um recuo de 2,8% no faturamento real do varejo paulista em 2014. Na capital, a redução foi ainda maior, de 5,5%.
Diante do cenário apresentado e com uma projeção de queda do PIB entre 1% e 1,5%, a expectativa é que haja continuidade dos números negativos do comércio varejista apresentados pelo Caged. A reversão desse quadro depende da retomada da confiança dos agentes econômicos (empresários e consumidores).