“Precisamos ser maus o bastante para sabermos fazer crueldades, mas bons o bastante para não ousar fazê-las”. (Maquiavel)

Nicolau Maquiavel (1469-1527), de origem florentina do Renascimento, nos deixa um legado com os seus escritos sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser.

Então, vamos lá. Estamos assistindo o desenrolar de um jogo da política que pode dizer tratar-se de um jogo de aparências, ao meu ver.
Desse jogo sinto o cheiro de que a população foi enganada, ou seja, essa mesma população foi envolvida num conjunto de expectativas que agora não estão sendo cumpridas.
Mas, no jogo da política, a disputa pela glória está levando alguns políticos e governantes regionais, deste grandioso Brasil, aparentarem mais do que são, mas na essência enganam a população com ações contrárias do que prometeram nas suas campanhas.
Por exemplo: políticos e governadores de várias regiões do Brasil que colaram os seus nomes no candidato presidencial preferido da população para ganharem as eleições e que após ganharem as eleições, com o slogan de apoiadores de um novo modo de governar e de fazer política, revelaram as suas verdadeiras identidades de praticantes da velha política e de oportunistas.
E agora, onde ficou a honra, a palavra, o compromisso dos que se utilizaram da preferência popular do candidato ao cargo majoritário da nação para se elegerem?
Maquiavel diria que esses políticos oportunistas arquitetaram a trajetória que todo qualquer outro governante busca, ou seja, o poder do governante que conquistou o poder maior.
Assim, no jogo político não existe confiança dos aliados e nem apoio incondicional. O que existe é o jogo das circunstâncias. Mas, ainda bem que o poder tem prazo de validade. As coisas mudam e as divisões voltam à baila e os indivíduos voltam a escolher a partir das relações de força e desejo.
No entanto, se os indivíduos não exercerem o seu poder de cidadãos, suas expectativas depositadas nos seus escolhidos não serão cumpridas e serão, mais uma vez, enganados.
Por isso, ser cidadão é cobrar resultados eficientes e eficazes dos governantes, que por sua vez, precisam saber:
1-  Comunicar-se com o imaginário do seu momento, ou seja, ser capaz de lidar com a linguagem e os símbolos que a população está construindo. Como a maioria dos políticos não se comunica corretamente com a sociedade, acabam utilizando e se protegendo atrás de velhos conceitos ou imagens preconcebidas, sem conhecimento profundo, sobre o que estão tratando.
2-  Produzir narrativas para transmitir conhecimento e explicar fatos que a política ainda não havia explicado.
3-  Mover paixões e vontades para que aceitem o seu poder.
Isto posto, concluo, alinhado com o pensamento de Maquiavel, que entre ser amado ou temido, um governante deve se preocupar em jamais ser odiado.
Eng. João Ulysses Laudissi
Especialista em Gestão da Qualidade. Vivência nas áreas de Educação Técnica Profissionalizante, Docência, Coordenação Técnica, Assessoria de Diretorias de Indústria, Diretoria de Faculdade, Escolas Técnicas e Profissionalizantes e de Instituto de Tecnologia. Conselheiro da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Sumaré/SP.