(Reuters) – O Facebook revelou nesta segunda-feira em São Paulo seu primeiro centro de treinamento na América Latina voltado à formação de programadores e empreendedores, em um momento em que o déficit de profissionais em áreas de tecnologia e telecomunicações do país é de mais de 160 mil trabalhadores.
O vice-presidente para América Latina do Facebook, Diego Dzodan, afirmou à Reuters que o centro, chamado pela rede social de ???Estação Hack???, vai servir como uma ponte entre um setor de tecnologia carente de mão de obra e jovens de baixa renda que precisam de formação.
???Imagine a oportunidade???, disse Dzodan na sede do Facebook na América Latina. ???Tem gente que hoje não tem emprego, portanto não tem muita capacidade de pagar um treinamento. Por outro lado tem uma demanda por posições que o mercado não vai poder atender???, afirmou.
Um em cada quatro brasileiros entre 18 e 24 anos, a maioria com mais educação formal que seus pais, estavam desempregados no início deste ano, com a recessão prejudicando o desenvolvimento da carreira dos jovens.
Segundo a companhia, o centro vai abrigar cursos gratuitos de programação para jovens e workshops sobre empreendedorismo e planejamento de carreira, além de aceleração para startups nacionais.
A Estação Hack vai funcionar em um andar de 1.000 metros quadrados de um edifício na avenida Paulista a partir de dezembro e tem como objetivo ofertar cerca de 7.400 bolsas nas áreas de programação, marketing digital e gestão de empresas para jovens no primeiro ano.
Para isso, o Facebook fez parcerias com empresas e instituições especializadas em cursos de programação e empreenderismo, incluindo o Centro de Empreendedorismo e Negócios da FGV (FGVcenn) e Artemisia, organização não lucrativa voltada ao fomento de negócios.
???Queremos reforçar nosso comprometimento com o Brasil e, por isso, vamos fazer aqui um investimento inédito. Vamos ajudar a formar o jovem brasileiro para algumas das profissões do futuro???, disse Dzodan.
O executivo, que não comentou o investimento da rede social no projeto, afirmou que o centro vai se inspirar em lições aprendidas em outras iniciativas, como a Startup Garage, aberta pelo Facebook em Paris em janeiro, mas será adaptado para a realidade brasileira. Por exemplo, o Estação Hack vai oferecer espaços de trabalho para empreendedores que trabalhem em projetos que tenham impacto social.
A iniciativa da rede social é uma de várias em desenvolvimento em São Paulo, onde grandes companhias estão se voltando para a captura de oportunidades criadas pela tecnologia e uma crise do setor imobiliário barateou o custo de alugueis de escritórios.
Em junho de 2016, o Google abriu um espaço de seis andares, o Campus São Paulo, que fica a alguns quarteirões do centro de formação criado pelo Facebook, também ofertando mentoria para startups, treinamento para jovens empreendedores e eventos gratuitos para a comunidade.
Na semana passada, o Itaú Unibanco anunciou que vai expandir sua incubadora de startups criada em parceria com a norte-americana Redpoint eventures. Chamada de Cubo, o centro deverá ocupar um prédio de 12 andares e comportar a partir de junho de 2018 cerca de 210 startups, quatro vezes o número que abriga atualmente.