Fim das chamadas telefônicas indesejadas está cada vez mais próximo

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Todos os dias, dezenas de pessoas recebem contatos indesejados. São chamadas telefônicas de números desconhecidos, que muitas vezes se resumem em uma ligação muda e que logo desliga, ou até mesmo empresas procurando por outra pessoa. Para acabar com esse transtorno, um novo movimento de conscientização e fiscalização teve início neste mês de junho.

O sistema com nome de Stir Shaken — do inglês Secure Telephone Identity Revisited (Stir) e Signature-based Handling of Asserted Information Using toKENs (Shaken) — está sendo pilotado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A novidade promete validar a chamada por meio da análise de diversas camadas, atestando que foi iniciada por uma empresa verificada, reduzindo em quase 100% a possibilidade de golpes por meio de ligações.

 

Além disso, ainda oferece um conforto visual para quem recebe a ligação, identificando com nome e logomarca a empresa que está chamando, trazendo uma facilidade para que o usuário decida se atende ou não. “Ao fornecer o nome da empresa, logomarca e motivo da chamada, além de garantir a transparência dos contatos, o stir shaken mitigará fraudes, tornando a comunicação mais confiável e fazendo com que o ambiente seja seguro para todos os usuários”, ressalta o especialista em telecom, Leandro Marcelino.

Enquanto a implementação não ocorre na sua totalidade, empresas disponibilizam plataformas de verificação de chamadas que realizam boa parte do que se espera alcançar com a nova tecnologia. É o caso do Grupo Ótima Digital, onde atua Marcelino. Desde 2022, o Grupo já disponibiliza aos seus parceiros uma plataforma com tecnologia própria integrada com as principais operadoras móveis brasileiras (Claro, Vivo e TIM) para assertividade da base de dados, o que garante que o contato seja realizado com a pessoa certa (CPC). Em média, são realizadas 15 milhões de validações por mês.

 

A plataforma chamada GOCheck e criada pelo Grupo Ótima Digital, opera a partir de uma base de dados fornecida pelo cliente, uma empresa de cobranças, por exemplo, e verifica junto às operadoras diversas informações: se o número telefônico está ativo e pertence ao CPF informado, se tem aplicativo de mensagens ativo. Além disso, mapeia e informa o melhor horário para a realização de chamadas para cada número, com base em seu histórico de dados, o chamado “BTC” (Best Time to Call).

 

Desafios – stir shaken entrou na pauta das discussões lideradas pela Agência Nacional de Telecomunicações em 2021. A adoção gradual da tecnologia gera custos e esbarra em questões regulatórias, mas o impacto positivo para empresas e consumidores é inegável. “Embora as operadoras estejam conectadas aos sistemas necessários para a certificação das chamadas, a implementação efetiva requer uma integração mais profunda, como a troca de informações de autenticação entre si durante as chamadas, o que demanda um esforço adicional e uma coordenação cuidadosa”, reforça Marcelino.

 

Além disso, os dispositivos dos usuários precisam estar preparados para suportar a tecnologia e receber as chamadas de forma autenticada. “Isso depende dos fabricantes, que precisam incluir as funcionalidades necessárias em seus dispositivos. A falta de suporte nesse sentido pode representar um obstáculo significativo para a adoção generalizada da tecnologia”, comenta.

 

O especialista compara este processo ao da portabilidade numérica, iniciado em 2007. “Ambos são gerenciados por sistemas centralizados. Na portabilidade, as operadoras compartilham solicitações de transferência de números, enquanto no stir shaken, as operadoras usam protocolos de autenticação para garantir a legitimidade das chamadas. Nos dois casos, telecom de origem e destino interagem com o sistema para garantir que as ligações sejam autênticas e livres de fraudes”, finaliza.

 

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