A Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) é uma das principais causas de perda visual irreversível em pessoas acima dos 60 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 30 milhões de pessoas convivem com a doença no mundo. No Brasil, a estimativa é de quase 3 milhões de casos — número que pode ser ainda maior devido ao subdiagnóstico. Nos Estados Unidos, o total de pacientes já ultrapassa 11 milhões, com projeções que apontam para 21,6 milhões até 2050, impulsionadas pelo envelhecimento da população.
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Levantamento da Sociedade Brasileira de Oftalmologia revela que aproximadamente 10% da população entre 65 e 74 anos, e 25% dos maiores de 75 anos, apresentam DMRI — principalmente na forma seca, que é a mais comum e de progressão lenta.
De acordo com um estudo divulgado pela revista The Lancet Global Health, o número de pessoas afetadas por deficiência visual provocada pela Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) aumentou significativamente entre 1990 e 2021, passando de 3,64 milhões para 8,06 milhões. Nesse mesmo intervalo, os anos de vida saudável perdidos por conta da doença — medidos pelos DALYs — apresentaram um crescimento de 91%.
Henock Altoé é oftalmologista, especialista em retina. (Foto: Divulgação)
A DMRI é uma doença progressiva que afeta a mácula, região da retina responsável pela visão central e detalhada — essencial para atividades como leitura, escrita e reconhecimento de rostos. O avanço da doença pode levar à perda significativa dessa visão, embora a periférica permaneça preservada.
“Trata-se de uma condição crônica que, se não for diagnosticada e tratada precocemente, pode comprometer seriamente a qualidade de vida”, alerta o oftalmologista Henock Altoé, especializado em cirurgias de catarata e refrativa.
Dois tipos da doença e suas implicações
A DMRI pode se manifestar de duas formas principais:
- Seca (ou atrófica): Mais comum, com progressão lenta.
- Úmida (ou exsudativa): Menos frequente, porém mais agressiva.
Embora a forma seca represente cerca de 80% dos casos, a variante úmida é responsável por até 90% das perdas visuais severas associadas à DMRI, segundo a American Academy of Ophthalmology. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental para prevenir danos mais graves.
Tratamentos disponíveis
- Forma seca: Não possui cura, mas pode ser monitorada com suplementação vitamínica e mudanças no estilo de vida.
- Forma úmida: Tratada com injeções intraoculares de medicamentos antiangiogênicos que bloqueiam o crescimento anormal de vasos sob a retina.
Segundo revisão do Journal of Clinical Medicine, a terapia anti-VEGF é considerada hoje o padrão ouro no tratamento da forma exsudativa, com capacidade de estabilizar ou até recuperar a visão em muitos pacientes.
Prevenção (idade) e diagnóstico
O oftalmologista Henock Altoé reforça a importância da prevenção por meio de exames periódicos em pacientes a partir dos 50 anos, mesmo na ausência de sintomas. Exames como o mapeamento de retina, a tomografia de coerência óptica (OCT) e a retinografia são essenciais para detectar alterações iniciais que podem passar despercebidas no exame clínico.
“Quanto mais cedo identificamos sinais de comprometimento macular, maior a chance de preservar a visão com os tratamentos adequados. O acompanhamento periódico com um oftalmologista é essencial para preservar a visão e orientar o paciente em relação a cuidados preventivos e terapias adequadas. É possível envelhecer enxergando bem, desde que haja atenção à saúde ocular e o acesso ao profissional certo no momento oportuno”, ressalta Altoé.
**Henock Altoé, médico oftalmologista. Formado em Medicina pela Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória e especializado em Oftalmologia pela Santa Casa de São Paulo, o especialista ainda acumula três fellowships nas áreas de Cirurgia de Catarata, Cirurgia Refrativa e Lentes de Contato.