O evento começou com um bate-papo interessantíssimo entre empreendedores, filantropos, jornalistas e empresários. Na verdade, empreendedoras, filantropas, jornalistas e empresárias. Eram mulheres inspiradoras, para dizer o mínimo, com histórias e exemplos incríveis. Ali, ao vivo e em cores, para quem quisesse escutar, a óbvia potência da diversidade.
Instantes antes de Oprah entrar, a energia da plateia aumentou. A emoção da apresentadora, Thais Araujo, e o clima do teatro contagiaram até aqueles que não são de idolatrias.
Oprah impacta não apenas pela sua história e conquistas, mas também pela combinação improvável de palavras assertivas e acolhedoras. Ela inspira com a força de seu propósito e a clareza de suas intenções.
O que realmente marcou, no entanto, foi sua inabalável firmeza, honestidade e a tranquilidade com que ocupa seu espaço, sem jamais pedir permissão para existir. Ela encarna a rara combinação de potência e humildade, sem recorrer a eufemismos para descrever suas vitórias e virtudes, mantendo-se distante da arrogância em todos os momentos.
“Impostor… nothing!”
Nos primeiros dez minutos de entrevista, rechaçou com veemência qualquer vestígio da tão famigerada síndrome de impostora: “impostor…nothing”! E em vez de se apoiar em sua história de superação, ela prioriza a força de vontade para desafiar convenções. Longe de ser aprisionada pelo ego ante suas capacidades de mudança e transformação, ela homenageia aquelas que pavimentaram o caminho para que pudesse avançar. Carrega consigo as poderosas palavras de Maya Angelou: “I come as one, but I stand as ten thousand” – “Eu venho como uma, mas estou acompanhada por dez mil!”.
Oprah também não se apega às dores coletivas de pertencimento ou dúvidas da sua capacidade. Ao contrário, ocupa o seu espaço sem medo e convida todos a ocuparem também. Não hesita em declarar sua fé em Deus ou seu apreço pelo dinheiro. Ela vive sua verdade sem receios, encorajando o público a encontrar suporte na autoconfiança e no autoconhecimento, mesmo em meio a convicções religiosas profundas.
Sim, é uma história de adversidade, filantropia, empreendedorismo, liderança e intencionalidade, mas, acima de tudo, é uma aula que evidencia a força e a potência de nos colocarmos como protagonistas da nossa história, rompendo rótulos, vieses, predestinações e, principalmente, narrativas.
A apresentadora, assim como muitas outras mulheres, compreendeu o contexto em que estava inserida, demonstrando segurança e determinação para avançar, sem hesitar, rumo aos seus objetivos. É verdade que essa clareza nem sempre é partilhada por todas, pois cada uma de nós tem sua própria história. No entanto, ela mostra que a dose necessária de audácia do protagonismo envolve transcender narrativas.
Oprah começou a palestra dizendo: “Você não se torna o que você quer ou deseja, você não consegue o que quer apenas desejando, você se torna aquilo que acredita ser possível.” Ela fortalece a ação pela crença do lugar de potência que podemos ocupar, convertendo, aí sim, em intenção para transformar.
Definitivamente, havia uma lenda na cidade…
*Juliana Buchaim é co-chair da WCD Brasil – Women Corporate Directors e conselheira de administração.