O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (04/05) elevar a taxa Selic de 11,75% para 12,75% ao ano, alta de 1 ponto percentual. É a décima reunião seguida do Copom em que é decidido aumentar a Selic. A taxa de juros básica da economia está no seu nível mais alto desde fevereiro de 2017.

 

A alta de 1 ponto percentual era esperada por operadores do mercado financeiro, e o próprio Copom havia indicado, na sua última reunião, em março, que manteria o ciclo de alta neste mês. Em um comunicado, o Copom informou que a alta era necessária devido ao “ambiente externo que seguiu se deteriorando”, citando a guerra na Ucrânia, que coloca pressão sobre o preço de alimentos e combustíveis, e a onda de covid-19 na China, que afeta as cadeias de suprimentos.

 

O comitê disse que deve manter o ciclo de aperto monetário na próxima reunião, mas indicou que a próxima alta da Selic deve ser menos intensa. O mercado financeiro estima uma alta de 0,5 ponto percentual em junho.

O Brasil está em um ciclo de aumentos da taxa Selic há um ano, desde maio de 2021, quando a taxa estava em 2%, o seu menor valor histórico, então para estimular a economia em meio à pandemia de covid-19. Quando Jair Bolsonaro tomou posse como presidente, a Selic era de 6,5%.

O atual ciclo de alta da Selic é o maior desde 1999, quando o Banco Central aumentou a taxa em 20 pontos percentuais durante a crise cambial.

Inflação alta

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, pois juros maiores encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. E o Brasil no momento enfrenta alta inflação, provocada especialmente pelo aumento dos preços dos combustíveis, transportes e alimentos.

No comunicado desta quarta-feira, o Copom disse que a inflação “continuou surpreendendo negativamente”.

Em março, a inflação mensal medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgada em abril, registrou alta de 1,62%, a maior variação mensal para o mês de março desde a adoção do Plano Real, em 1994, há 28 anos. Foi também a maior inflação mensal desde janeiro 2003.