Pesquisas já comprovaram que o contato pele a pele entre mãe e bebê é importante para o vínculo entre ambos. Um caso ocorrido em Fortaleza no dia 4 confirma essa hipótese: uma mulher saiu do coma induzido após sentir o toque do recém-nascido pela primeira vez.
Amanda Cristina Alves da Silva, 28, não apresentava estímulos sensoriais e auditivos ou movimentos desde o dia do parto, mas ao ser colocada junto ao bebê reagiu no mesmo momento, começando a chorar. Uma semana depois, contrariando todas as expectativas ela recebeu alta da UTI.
O fato aconteceu na Maternidade-Escola Assis Chateuabriand (Meac-UFC), para onde Amanda foi levada após uma crise intensa de convulsão, problema que enfrenta desde os 7 anos de idade. Como estava com 37 semanas de gestação, os médicos responsáveis optaram por mantê-la sedada e fazer uma cesárea de emergência, a fim de garantir a segurança de mãe e filho.
Vitor Hugo, o bebê, foi encaminhado à UTI neonatal, onde ficou por seis dias, enquanto a mãe seguiu para o pós-operatório na UTI obstétrica. Uma semana depois, os médicos começaram a retirar a sedação, mas não tinham resposta. Apesar de todos os exames atestarem que ela tinha boa resposta neurológica, ela não se movimentava, só mexia os olhos???, contou a enfermeira Fabíola Nunes de Sá.
Fabíola então sugeriu colocar mãe e bebê juntos. Apesar da estranheza, devido a paciente estar na UTI, a equipe analisou junto ao infectologista da unidade quais seriam os riscos para o bebê e chegaram à conclusão de que a ideia poderia ser realmente apropriada. Deu mais certo do que a equipe médica poderia supor. Na mesma hora, ela teve os batimentos do coração acelerados e chorou???, conta o obstetra Carlos Augusto Alencar Junior.
Amanda se recorda do momento em que recebeu o caçula Vitor Hugo em seu colo: ???A primeira cena que lembro desde que tive a crise de convulsão que me fez ir às pressas para o hospital é de ter um bebê em meus braços, de ter visto a cabecinha dele e também sentido o seu cheiro???, disse ela.
Já no dia seguinte, o quadro de Amanda só evoluiu: ela conseguiu sentar, com o apoio da equipe de fisioterapia e, progressivamente, passou a mexer os braços e as pernas. Vinte dias depois, foi para casa sem qualquer sequela, levando o filho nos braços.