Apesar de a economia nacional acenar com os primeiros sinais de retomada, os consumidores ainda enfrentam algumas dificuldades para obter crédito e pagar suas contas em dia. Entre os consumidores com empréstimos e financiamentos, 34% admitem que houve atrasos ao longo do contrato e 16% dizem estar, no momento, com parcelas pendentes de pagamento, o que totaliza 50% desses consumidores com dificuldades para honrar os compromissos. ?? o que revela o Indicador de Uso do Crédito de agosto apurado pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
A sondagem mostra ainda que 14% dos entrevistados contraiu algum empréstimo e possui atualmente parcelas a pagar, enquanto 18% têm parcelas de financiamentos pendentes.
A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, alerta para o perigo de endividamento. “A inadimplência atinge hoje cerca de 59 milhões de consumidores no Brasil, o que representa quase 40% da população adulta. O contexto de crise econômica, com desemprego elevado e redução da renda das famílias, agrava ainda mais o cenário. Diante dessa realidade, é importante que o consumidor se planeje financeiramente, evitando assumir compromissos com os quais não terá condições financeiras de arcar no futuro”, diz a economista.
A avaliação do grau de dificuldade para conseguir aprovação em empréstimos e financiamentos mostrou que 44% dos consumidores dizem considerar difícil ou muito difícil a contratação do serviço, enquanto para 18% não é nem fácil nem difícil, e para 15%, fácil ou muito fácil.
Nas lojas, considerando apenas aqueles que tentaram fazer alguma compra parcelada, 63% tiveram o crédito negado, sendo o motivo principal a inadimplência (24%), seguida da renda insuficiente (11%).
Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, o cenário de recessão acaba intensificando os cuidados das instituições financeiras no momento de conceder crédito, o que dificulta seu acesso pelo consumidor. “Com a retomada gradual da economia, a situação deve se reverter. Dados recentes do Banco Central ilustram esse cenário e mostram uma pequena alta nas concessões de crédito direcionado a pessoas físicas”, avalia Pinheiro.