Minuto de silêncio a mortos no Rio divide vereadores de Americana
Durante sessão solene, houve divergência quanto a Minuto de silêncio homenagem a vítimas de megaoperação policial
Na noite desta quinta-feira (30), durante sessão solene na Câmara Municipal de Americana em homenagem a servidores públicos que se destacaram na cidade, a vereadora Professora Juliana (PT) propôs um minuto de silêncio em memória das pessoas que morreram durante a megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro. As informações, até então, davam conta de 121 mortes, sendo 117 moradores e quatro policiais.
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No entanto, o pedido dividiu opiniões entre alguns dos parlamentares. Normalmente minutos de silêncio são solicitados junto à organização de cerimonial de eventos antes ou no início dos mesmos. A proposta de lembrança feita por Juliana ocorreu durante o uso de sua fala.

Massacre e Minuto de silêncio
A vereadora justificou a solicitação foi feita “em função do massacre no Rio de Janeiro, que dizimou a vida de 121 pessoas”. Imediatamente ela foi interrompida pelo vereador Pastor Miguel Pires (PRD), que pediu ‘questão de ordem’: “Senhor presidente, acho que não cabe nessa sessão”, disse.
Em seguida, a petista rebateu: “Quatro desses mortos eram servidores, pode ser?”, questionou Professora Juliana. “Eram policiais. Assim o senhor aceita?”, indagou ainda. “Acho que quem não se sentir a vontade não precisa se levantar”, cutucou a parlamentar.

Policiais
Na sequência, Marcos Caetano (PL) pediu a palavra. “Se for pelos quatro policiais que faleceram, eu concordo”, apontou. “Nós não vamos fazer minuto de silêncio pra bandidos”, emendou. A divergência forçou o presidente da CM, Léo da Padaria (PL), a se manifestar: “Não é momento pra falar sobre o que foi as mortes”, ponderou, atendendo ao pedido da vereadora.
Nas imagens da sessão é possível ver que até mesmo o público presente se dividiu, com a maior parte se levantando, mas uma parcela se mantendo sentada. Professora Juliana chegou a dizer que “jamais faria um minuto de silêncio seletivo” e depois agradeceu pela “sensibilidade”.

Bandidos
Durante o minuto de silêncio, somente os vereadores Marcos Caetano (PL), Pastor Miguel Pires (PRD) e Thiago Brochi (PL) não se levantaram. Os três se baseiam no argumento de que a totalidade, ou quase totalidade, dos 121 cidadãos mortos a tiros estavam na floresta ao lado do Complexo do Alemão e onde ocorreram os confrontos com a polícia.
A tese é que todos, ou quase todos, estavam utilizando fardas de camuflagem e portando armas de fogo, inclusive fuzis, trabalhando para a facção Comando Vermelho (CV). Portanto, na visão deles, eram “bandidos” que optaram por confrontar as forças policiais e não meros ‘cidadãos de bem’ que estavam circulando pelo local.
Até porque a entrada dos integrantes das Polícias Civil e Militar ocorreu por volta das 4 horas da madrugada e houve cerco até a floresta. Nessa linha de pensamento dos três vereadores, a opinião pública estaria sendo ‘manipulada’ e induzida ao erro por familiares dos criminosos, que resgataram dezenas de corpos da floresta e os empilharam.
Mortos
Existem informações, e até vídeos, de familiares retirando as roupas e armas utilizadas pelos mortos antes dos mesmos serem enfileirados. Imagens essas que circularam por todo o Brasil e o mundo. Os policiais mortos na ação foram: Heber Carvalho da Fonseca, 3º Sargento do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais); Cleiton Serafim Gonçalves, 3º Sargento do BOPE; Rodrigo Cabral, policial civil; e Marcos Vinicius Cardoso Carvalho, policial civil.
Por sua vez, Professora Juliana bate na tecla de que não se pode afirmar que todos os 121 mortos eram integrantes do crime organizado e que de fato confrontaram as forças policiais. A petista defende que não se pode ‘comemorar’ a morte de ninguém, ouvindo ainda relatos de que alguns dos corpos tinham marcas de mãos amarradas, tiro na nuca e facadas. A vereadora critica duramente a ação policial na comunidade carioca, classificando-a como “massacre”.

Homenagem
A Câmara Municipal de Americana realizou na quinta-feira (30) sessão solene para entrega da homenagem “Funcionário Público do Ano”, oferecida aos servidores públicos que se destacaram no exercício de suas atividades no município de Americana.
A homenagem foi criada por um decreto legislativo de autoria do vereador Levi Rossi (PRD) e foi entregue pela primeira vez neste ano. O objetivo é reconhecer funcionários públicos municipais concursados, comissionados ou de livre nomeação ativos em razão de mérito baseado em critérios de destaque em sua atuação e dedicação ao serviço público.
Foram homenageados os seguintes funcionários públicos indicados pelos vereadores: Adriano Alvarenga Camargo Neves (indicado pelo presidente da Câmara, vereador Léo da Padaria), Ágata Luana Savi Aiello (Pastor Miguel Pires), Amarildo Azarias (Roberta Lima), Andréa Cristina Fernandes Gonçales (Jacira Chávare), Antônio Dias da Fonseca (Professora Juliana), Aryane Francielle Barbosa (Thiago Brochi), Eduardo César Samogim Spilla (Levi Rossi), Edson Cardozo (Talitha De Nadai), Genaro Santos do Lago (Renan de Angelo), Helber Patrick da Silva (Marcos Caetano), José Eduardo da Cruz Rodrigues Flores (Lucas Leoncine), Perci Moreira (Jean Mizzoni), Rafael Pinto de Oliveira (Juninho Dias), Ronaldo de Mattos dos Santos (Gutão do Lanche), Rosângela Rocha Mendes (Fernando da Farmácia), Thaís Rillo Andrade (Leco Soares), Walter Rodrigues (Gualter Amado).
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