O anúncio do afastamento temporário do jogador Paulo Henrique Ganso, diagnosticado com miocardite, trouxe à tona uma condição cardíaca que exige atenção e esclarecimento. Trata-se de uma inflamação no músculo do coração, que pode variar em gravidade e ter diferentes causas. Para entender melhor o que é a miocardite, seus riscos e os caminhos para o tratamento, ouvimos o cardiologista Dr. Raphael Boesche Guimarães, que explica os detalhes dessa doença.
A miocardite é caracterizada por uma inflamação no miocárdio, o músculo responsável por bombear o sangue para todo o corpo. De acordo com o Dr. Raphael Guimarães, “a principal causa dessa inflamação são infecções virais, como as provocadas pelo parvovírus B19, adenovírus e, mais recentemente, pelo SARS-CoV-2. No entanto, também pode estar associada a doenças autoimunes, infecções bacterianas, toxinas e até ao uso de determinadas drogas.”
Os sintomas da miocardite podem ser inespecíficos
o que muitas vezes dificulta o diagnóstico precoce. “O paciente pode apresentar fadiga, falta de ar, dor no peito e até arritmias. Em casos mais graves, a miocardite pode evoluir para insuficiência cardíaca, cardiomiopatia dilatada ou arritmias fatais”, alerta o cardiologista.
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O diagnóstico da miocardite evoluiu significativamente nos últimos anos. “Hoje, a ressonância magnética cardíaca (RMC) é uma ferramenta essencial, pois permite identificar inflamações, edemas e até a formação de fibrose no coração, que pode indicar danos permanentes”, explica Dr. Raphael. Essa tecnologia ajuda a diferenciar a miocardite de outras condições cardíacas e a planejar o melhor tratamento.
O tratamento da miocardite varia de acordo com sua causa. Segundo o especialista, repouso é indispensável, além do controle dos sintomas e intervenções específicas para cada caso. “Se a causa for viral ou autoimune, antivirais e imunomoduladores podem ser utilizados. Anti-inflamatórios também ajudam a reduzir a inflamação, enquanto medicamentos como inibidores da ECA e betabloqueadores são indicados para estabilizar a função cardíaca.”
Dr. Raphael reforça que o monitoramento é fundamental. “O acompanhamento regular, com exames de imagem e testes funcionais, é crucial para avaliar a recuperação do coração e prevenir recaídas. No caso de atletas, isso é ainda mais importante para assegurar um retorno seguro à prática esportiva.”
O tempo de recuperação varia conforme a gravidade da inflamação e a resposta ao tratamento. “Em muitos casos, a recuperação completa é possível, mas exige paciência e cuidados rigorosos. É essencial não apressar o retorno às atividades físicas, pois isso pode agravar a condição ou gerar complicações”, adverte o médico.
O diagnóstico de Paulo Henrique Ganso chama atenção para a importância de reconhecer os sinais do corpo e procurar assistência médica ao menor indício de anormalidades. “A miocardite é uma condição séria, mas com diagnóstico precoce e tratamento adequado, as chances de recuperação são altas. É um lembrete de que a saúde deve sempre vir em primeiro lugar, mesmo para atletas de alto rendimento”, conclui Dr. Raphael Boesche Guimarães.
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