O caso da mulher de 31 anos morta por disparo de arma de fogo em Nova Odessa na madrugada da última segunda-feira (9) está com novos contornos. Nesta terça (10), o autor do disparo que causou a morte de Michele Aparecida da Cruz Santos, o próprio namorado, se apresentou à Polícia Civil e alegou ter atirado ‘acidentalmente’ o revolver calibre 38 quando saíam de uma adega nas proximidades da Avenida João Pessoa, no Jardim Bosque dos Cedros.

O investigado fugiu da cena do crime para evitar o período de flagrante das 24 horas. Ao se apresentar na Delegacia, estava acompanhado de seu advogado. As informações foram passadas durante coletiva de imprensa pelo delegado titular de Nova Odessa, Reynaldo Peres, nesta quarta-feira (11). Está sendo solicitado ao MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) a prisão temporária do investigado, motoboy de 30 anos e morador de Nova Odessa.

Informações passadas pela polícia dão conta que o autor do disparo fatal estava junto há apenas 20 dias da vítima. Durante seu depoimento ao delegado, o motoboy relatou que estava armado porque o casal estaria sendo ameaçado pelo ex-namorado de Michele. No dia fatal, Michele, o namorado e duas amigas saíam do estabelecimento em direção ao carro marca Hyundai e modelo ix35 quando ocorreu o disparo que atingiu as costas da vítima.

Câmera de segurança

Uma câmera de segurança de estabelecimento próximo capturou o momento. O tiro que acabou com a vida de Michele foi disparado exatamente às 22h41 de domingo. A vítima foi socorrida pelo próprio autor do disparo, que a levou ao Hospital Municipal ‘Dr. Acílio Carreon Garcia’, que fica a poucos quarteirões. Após ser informado da morte da vítima, ele deixou o local e abandonou o carro dela na Rua das Perobas, no Jardim Alvorada, também em Nova Odessa.

Segundo o delegado, o tiro acertou uma parte do corpo com órgãos vitais, afetando pulmão, coração e se alojou no peito. Reynaldo disse à imprensa que a hipótese do disparo acidental será investigada. “Eu acho difícil disparar acidentalmente um revólver. Se fosse automática, pode ser, mas isso foi o que alegou em seu depoimento”, relatou. O delegado afirmou também que o rapaz possui antecedentes por furto, não tinha porte de arma e o revólver estava com numeração raspada.

Sendo assim, a versão apresentada pelo namorado de disparo acidental está praticamente descartada pela equipe de investigação. Segundo a perícia, o revólver utilizado exige força considerável no gatilho, o que inviabiliza a hipótese de tiro involuntário, mesmo no ato de sacar a arma. O motoboy tentou atribuir a autoria do crime ao ex-namorado da vítima. Entretanto, o ex-companheiro foi descartado como suspeito após comprovar com notas fiscais e testemunho da atual namorada que estavam juntos no momento do crime.

Arma do crime

As duas amigas de Michele estavam no estabelecimento e presenciaram o ocorrido. Nos respectivos depoimentos à Polícia Civil, disseram que o suspeito seria o ex-namorado da vítima, o que evidencia ligação de ambas com o acusado. Mas o ex-namorado chegou a prestar esclarecimentos e foi inocentado depois de comprovar que não estava no local na hora do crime. Devido ao depoimento falso, as amigas também podem ser investigadas e responder por falso testemunho.

Ainda de acordo com informações da Polícia Civil, Michele era moradora de Indaiatuba e havia mudado há apenas oito dias para Nova Odessa, com o objetivo de recomeçar – era dona de uma loja de roupas e residia sozinha. No decorrer das investigações, policiais civis estiveram na residência da vítima, no bairro Jardim das Palmeiras, onde localizaram a casa com sinais de arrombamento e revirada.

A vítima foi velada e sepultada no Cemitério Jardim Memorial, de Indaiatuba. Apesar das evidências, o motoboy foi liberado após o depoimento, já que não houve período de flagrante delito. O caso permanece em investigação sob a tipificação de feminicídio e o motoboy pode ser preso a qualquer momento.

Leia Mais  notícias da cidade e região   

+ NOTÍCIAS NO GRUPO NM DO WHATSAPP