Dados divulgados esta quarta (8) pela CET/SP indicam que entre os dias 25 de janeiro e 23 de fevereiro ocorreram 102 acidentes com vítimas – entre eles quatro atropelamentos e uma morte – nas avenidas marginais Tietê e Pinheiros em São Paulo. São informações preliminares, mas serviram para realimentar apaixonados debates nas redes sociais sobre a redução X aumento de velocidades nas vias públicas de São Paulo, e de todo o país. 

Um lembrete: em 2015, o trânsito brasileiro matou mais de 45 mil pessoas e deixou outras tantas milhares de pessoas afastadas da vida normal. ?? um verdadeiro massacre. Estatísticas à parte, há um consenso entre a comunidade técnica de que a melhor política para o trânsito urbano envolve a redução de velocidades. Além de salvar vidas, esse “acalmamento do tráfego” reduz o ruído e as emissões de CO2 dos motores a combustão, e permite um convívio mais humanizado entre pedestres, ciclistas e motoristas. 
A baixas velocidades, é possível ver as pessoas, prever seus movimentos e evitar falhas, que são humanas. No futuro, quando os veículos autônomos forem maioria nas vias urbanas, talvez essa questão esteja resolvida, mas, por enquanto, as localidades mais avançadas do mundo, Curitiba entre elas, apostam na criação de “áreas calmas”, “zonas 30” ou mesmo “cidades 40 km/h”. 
Como disse o urbanista Willy Müller, em entrevista no Rio de Janeiro, “as pessoas acreditam que velocidade é sinal de modernidade, mas muito mais importante do que a rapidez de um meio de transporte, é sua frequência. Seja um trem, metrô ou BRT, quanto mais composições e quanto mais integrado for um sistema de transporte, melhor será a locomoção na cidade”. 
Exemplar é o novo sistema de VLT inaugurado entre Santos e São Vicente, que circula em seus 11,5 km e 15 estações à velocidade média 25 km/h, muito embora as composições possam chegar a 80 km/h, conforme explicou em entrevista o engenheiro Carlos Romão Martins,  que coordenou o projeto. São composições com capacidade confortável para 400 pessoas, movidas a eletricidade, e que circulam no canteiro central de uma avenida remanescente de antiga faixa ferroviária. Calçada, ciclovia e paisagismo complementam a obra, que caiu no gosto do santista. 
A próposito, entre os condutores das composições do VLT, cinco são mulheres, ex-motoristas de ônibus, que foram treinadas para operar os novos veículos. E como ontem foi o Dia Internacional da Mulher, pegamos carona neste editorial para saudar as Marias, Rafaelas, Cristinas, Suzanas, Anas, Melis, Sílvias, Gabrielas, Sabrinas, Irenes, Raqueis, Márcias, Carolinas, Letícias, Milas, Alices, Heloísas, Paulas, Lucianas, Reginas, enfim todas as mulheres que trabalham por cidades mais humanas. Vamos com essas moças, tão cuidadosas!