O mês de Julho de 2014 ficará marcado como um dos mais tristes para a literatura brasileira. Em apenas 20 dias, três grandes escritores faleceram, deixando leitores abalados nos quatro cantos do país ??? e também mundo afora.
O ciclo trágico que abalou a literatura neste mês começou no dia 18, tirando a vida de João Ubaldo Ribeiro, aos 73 anos, em sua casa, no Rio de Janeiro. Escritor, acadêmico e jornalista, Ubaldo era o 7º ocupante da cadeira número 34 da Academia Brasileira de Letras. Detentos de um Prêmio Camões e de dois Prêmios Jabuti, por ???Sargento Getúlio??? e ???Viva o Povo Brasileiro???, o escritor é um dos mais traduzidos da literatura nacional. Fora do Brasil, o escritor também foi laureado em países como Alemanha e Suíça. Além dos livros, Ubaldo deixou uma extensa obra de crônicas cotidianas e políticas.
No dia seguinte, 19 de Julho, o Brasil ficou ainda mais triste com a partida do escritor, pedagogo e psicanalista mineiro Rubem Alves, aos 80 anos. Conhecido principalmente como cronista e autor de livros infantis, Alves escreveu mais de 120 títulos sobre pedagogia, teologia e psicanálise, suas áreas de formação.
E apenas alguns dias após o fim do luto da Academia Brasileira de Letras pela morte de João Ubaldo (Rubem Alves não era membro da Academia), morre Ariano Suassuna, outro integrante da Instituição. O escritor paraibano era um ferrenho defensor da cultura brasileira. Autor de peças, romances, contos e poemas, Suassuna é o criador de ???O Auto da Compadecida??? (1955), seu texto mais conhecido, adaptado para o cinema e televisão.
??, com toda certeza, um vazio literário que não será preenchido. Eles fazem parte de uma era na qual escritores eram celebridades seguidas na rua e personalidades capazes de lotar auditórios. Viveram o suficiente para deixar uma obra acabada e bem lapidada, mas não o bastante para saciar uma legião de leitores fiéis e fascinados. São grandes heróis do nosso Brasil, que devem ser para sempre lembrados como importantes construtores da identidade nacional. Embora mortos, a obra deles continua viva, por que eram obras grandiosas que vão durar para sempre. Ulisses Silveira, médico ortopedista e vereador.