Donald Trump venceu as eleições nos Estados Unidos sob a bandeira flamejante do nacionalismo. Durante a campanha, fez promessas de instituir políticas radicais de protecionismo à América, o que inclui especialmente a área econômica. Poucos dias após assumir o cargo de presidente, ele já deu mostras de que não está para brincadeira.

Um dos primeiros passos de Trump à frente da Casa Branca foi colocar em prática o programa de deportação em massa de imigrantes ilegais e refugiados, provenientes especialmente de países como Guatemala, Honduras, México, Venezuela, China e Brasil, entre outros. As condições com que as deportações estão sendo realizadas chamam a atenção do mundo todo. O tratamento aos deportados é simbólico e um recado de como o Governo dos Estados Unidos conduzirá as relações com as demais nações do mundo.

Paralelamente à onda de deportações, Trump tem atuado com mão firme para proteger a economia americana. Ele impôs, por exemplo, tarifa de 10% sobre todos os produtos chineses importados e anunciou 25% sobre importações mexicanas e canadenses.

Trump no ataque

Em outra medida de grande repercussão, no dia 10 de fevereiro, Trump oficializou a taxação de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio ao país. “A nossa nação precisa que aço e alumínio sejam produzidos nos Estados Unidos, não em terras estrangeiras”, disse o presidente norte-americano.

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A decisão afeta diretamente o Brasil, que é o segundo maior fornecedor de aço aos Estados Unidos, atrás apenas do Canadá. Quase metade das exportações brasileiras de aço são destinadas à indústria americana. Porém, a partir de 12 de março, quando a nova medida tarifária entrará em vigor, perderemos competitividade e esse cenário poderá mudar.

Analistas econômicos temem que, em razão da possível queda nas exportações, pode haver forte desvalorização do real frente ao dólar. Em minha opinião, tudo vai depender da forma como o Brasil vai reagir ao tarifaço.

A China fez retaliações aos anúncios de Trump, com imposição de tarifas a produtos americanos e inclusão de empresas com sede nos EUA na lista de não confiáveis; o que abriu espaço para o que os economistas já chamam de guerra comercial entre os dois países. A União Europeia também deu mostras de que pretende reagir às tarifas, caso elas venham a prejudicar os interesses do bloco.

Toda essa movimentação, que já provoca mudanças importantes no xadrez da economia global, deve ser apenas o começo da ofensiva de Donald Trump. Ele revelou, por exemplo, que vai implementar tarifas recíprocas a países que fixam impostos sobre produtos americanos; uma medida que, inclusive, coloca o etanol brasileiro na mira do tarifaço. Na última semana, o presidente ainda disse que vai impor tarifas sobre carros, semicondutores, chips, produtos farmacêuticos, madeira e mais “algumas outras coisas”.

O clima é de suspense. O enfrentamento da política tarifária de Trump vai depender de muita estratégia política e econômica, além de forte trabalho diplomático para rodadas de negociações, não apenas com os EUA, mas entre nações de todo o globo.

*Wilson Pedroso é analista político e consultor eleitoral com MBA nas áreas de Gestão e Marketing

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