Operação da PF em Hortolândia: exonerados três secretários e ex-nora de Lula
Além do vice-prefeito Cafu César, Polícia Federal prendeu o secretário de Educação, Fernando Gomes de Moraes
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A Operação Coffee Break, da PF (Polícia Federal) e da CGU (Controladoria-Geral da União), foi realizada na quarta-feira (12) para investigar fraudes em compras de materiais didáticos em diversas cidades. Após a mobilização, a Prefeitura de Hortolândia exonerou três secretários e uma servidora comissionada, ex-nora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As exonerações foram publicadas no Diário Oficial do município nesta sexta-feira (14). O vice-prefeito Cafu César (PSB) foi demitido do cargo de secretário de Governo já no dia da operação. Ele está preso desde a quarta, por suspeita de envolvimento no esquema de fraudes.
Outro membro do primeiro escalão demitido é o secretário de Educação Fernando Gomes de Moraes, detido no mesmo dia em Brasília, durante o cumprimento de mandados judiciais. A exoneração dele foi oficializada nesta sexta.
Desliga
O terceiro servidor exonerado é o secretário de Habitação, Rogério Mion, desligado da função na quinta-feira (13). O advogado Dr. Casagrande, enviou à imprensa nota oficial sobre o caso:
“O Sr. Rogério Mion recebe com serenidade as investigações e reafirma que segue colaborandocom a Justiça, estando à disposição para todos os esclarecimentos. Sempre pautou sua atuação pública pela probidade e moralidade. Nega ter intermediado ou influenciado qualquer contrato público, bem como ter buscado vantagem própria ou favorecimento de terceiros. Rechaça também qualquer insinuação de lobby. Por fim, esclarece que o objeto da investigação não possui relação com a pasta que ocupa na Prefeitura de Hortolândia, sendo fatos totalmente alheios às suas atribuições”.
Recursos
Quem também foi exonerada é Carla Ariane Trindade, diretora do Departamento de Almoxarifado e Patrimônio da Prefeitura. Ela é ex-nora do presidente Lula, suspeita de atuar na liberação de recursos do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), órgão vinculado ao MEC (Ministério da Educação), em favor da empresa Life Educacional, sediada em Piracicaba e principal investigada no caso.
A defesa de Carla informou que “solicitou acesso aos autos e somente irá se manifestar após o conhecimento integral da investigação”. Ela foi casada com Marcos Cláudio Lula da Silva — filho da ex-primeira-dama Marisa Letícia, adotado pelo presidente ainda na infância.
A PF afirma que a Life se beneficiou de contratos milionários nos municípios de Hortolândia e Sumaré e que custeava viagens da ex-nora do presidente a Brasília para buscar a liberação de novos recursos.
Sumaré
Apenas em Sumaré, a PF levantou que entre 2021 e 2023, durante o governo Luiz Alfredo Dalben, foram repassados à empresa cerca de R$ 52 milhões. De Hortolândia, os valores recebidos pela Life somam R$ 21 milhões no mesmo período.
O capital social da empresa, até o ano de 2022, era de R$ 300 mil. Depois saltou no mesmo ano para R$ 20 milhões e ainda para R$ 24 milhões em 2023. No ano passado, chegou a R$ 34 milhões. A maior parte dos contratos sob suspeita da PF envolve compra de livros paradidáticos editados pela empresa e sistemas de informática na educação da rede pública.
A Life só passou a exercer essas atividades em 2022, quando alterou o objeto social da empresa na Jucesp (Junta Comercial do Estado) para incluir o ramo de edição e venda de livros no atacado e o desenvolvimento de programas e demais sistemas eletrônicos.

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